Foto: Ricardo Stuckert / PR

Marqueteiros do Partido dos Trabalhadores têm orientado candidatos a nacionalizar a campanha municipal, fazendo um contraponto entre as figuras do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Eleições municipais geralmente são eleições nas quais o eleitor conhece de perto o candidato e até mesmo tem uma relação de amizade ou familiar com ele, por ambos estarem em um mesmo universo de proximidade. Também são pleitos nos quais os eleitores escolhem sua opção de voto considerando aquele que pretende resolver os problemas reais do seu bairro e da sua cidade. Poucas vezes disputas nacionais tiveram alguma influência nesse contexto.

Mesmo assim, marqueteiros do PT entendem que para o êxito nas urnas em outubro, é necessário que candidatos nacionalizem o debate e a própria disputa. “Estamos em um ano crucial, em que a agenda geral do Brasil tem que se materializar numa agenda municipal. E você é parte disso”, afirmou João Brant, secretário nacional de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República.

A fala de João Brant foi durante a aula inaugural de um curso lançado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, voltado para ensinar a militância e os candidatos a cargos eletivos técnicas de atuação nos embates digitais.

O assessor do presidente lembrou ainda que o presidente Lula venceu Bolsonaro em 2022 por uma margem muito pequena de votos e que esse sucesso do ex-presidente está muito ligado ao domínio que a direita tem nas redes sociais, sendo necessário, por isso, uma mudança de comportamento dos ativistas de esquerda.

Neste contexto, Brunna Rosa, secretária nacional de Estratégia e Redes da Secom e responsável por gerenciar as redes sociais da primeira-­dama, Janja da Silva, a Janja, também em palestra na aula inagural, chamou a atenção para o envolvimento das famílias.

“Nas pesquisas que a gente vem fazendo, a família aparece como ponto em comum, independentemente do espectro político dessa pessoa, se ela é a favor ou contra Lula. A preocupação com a família e com o futuro dos filhos é algo que nos une. Isso pode ser um gancho para construir uma estratégia de diálogo com as pessoas”, afirmou.

Nesse desafio de convencer eleitores, os marqueteiros também precisam, inclusive, moldar o discurso dos candidatos, sem compromometer a naturalidade. Ultimamente, no caso do presidente Lula, a equipe do Palácio do Planalto tem feito isso mirando o eleitorado religioso, por exemplo. Palavras como “Deus”, “fé”, “milagre” e “família” serão mais ouvidas em falas do presidente.

E Lula já colocou em prática essas mudanças. Em um discurso no Nordeste recentemente, durante a inauguração de uma obra, o presidente falou. “Vocês acreditam em Deus? Vocês acreditam em milagre?”, perguntou para a plateia. Lula também relembrou sua família e infância e alfinetou Bolsonaro. “Deus não é mentira, é a verdade, e não pode usar em vão como eles usam todo santo dia”.

Segundo o professor Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, à Veja, “Lula está tentando se sintonizar com a maioria da sociedade, entrar em uma faixa de público que rejeita suas propostas a curto, médio e longo prazo. É uma mudança de rumo no sentido de se aproximar da maioria da população, visando a uma melhora de desempenho eleitoral”, avaliou.

Aula

A Fundação Perseu Abramo lançou curso para ensinar a militância e os candidatos a cargos eletivos técnicas de atuação nos embates digitais. Nas aulas são abordadas dicas de como espalhar conteúdos para atingir o maior número de pessoas, recomendações sobre aplicativos e orientações de como reagir às fake news. BNews