© Tomaz Silva/Agência Brasil

O delegado Rivaldo Barbosa, preso pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, confirmou em depoimento à Polícia Federal que frequentava um dentista que atendia milicianos de Rio da Pedras.

A revelação foi feita pelo comentarista Octávio Guedes no Estúdio i. À PF, Rivaldo afirmou ter ido ao profissional por indicação da delegada Patrícia Aguiar, madrasta de Kaio Brazão, enteado de Domingos Brazão. Patrícia Aguiar é casada com Anselmo Paiva, pai de Kaio Kroff Paiva. A mãe de Kaio, Alice, é casada com Domingos Brazão.

De acordo com relatório da Polícia Federal, o dentista de Rio das Pedras atendia também os milicianos Adriano da Nóbrega, Maurição e Marcus Vinícius, conhecido como Fininho. O último é apontado pelo delator Ronnie Lessa como um dos responsáveis por ter fornecido a arma do crime.

Segundo o documento com o depoimento, ao qual o blog teve acesso, Rivaldo relata ter sido apresentado ao dentista durante um almoço por Patrícia. Ele conta ter ido ao profissional no máximo quatro vezes, para fazer tratamento de limpeza e obturação, na Estrada de Jacarepaguá. e negou ter se encontrado com Adriano da Nóbrega no local.

Ao ser questionado porque ir a um dentista em Rio das Pedras para fazer uma limpeza, relatou: “precisava ser um dentista indicado”. A região é uma área de milícia, dominada pelos irmãos Brazão.

“[Sobre] a relação de Rivaldo com os Brazão, foram encontrados pontos de contato entre ambos e intermediários. Foi corroborada a história da ida de Rivaldo a Rio das Pedras com a justificativa de ir ao dentista cuja carta de clientes abrange todos os milicianos da área”, assinala a PF em um relatório.

Para a corporação, o fato de “um delegado de tal estirpe” frequentar Rio das Pedras sem ser incomodado “já chama a atenção”. “O período no qual Rivaldo se consultou no local, bem como o breve espaço de tempo sendo atendido pelo profissional denota a verossimilhança dos encontros programados com milicianos no consultório.”

A partir dessas declarações de Rivaldo, a Polícia Federal inquiriu, também, o dentista João Marcos Ururahy, que confirmou quatro idas de Rivaldo ao longo de 2017. A constatação, para a PF, é “no mínimo suspeita” da relação entre o delegado e a família Brazão.

“Sendo assim, mediante a frequência em tal ambiente em período compatível com a ideação dos atos homicidas, conforme explicitado por Ronnie Lessa em sede de colaboração, se mostra no mínimo suspeito, ante a interação dos milicianos responsáveis pela área com a Família Brazão, notadamente aquele de alcunha Fininho”, assevera. G1