A diretora-executiva de ratings soberanos da S&P Global Ratings, Lisa Schineller, explicou nesta última sexta-feira (12), segundo informações do Estadão Conteúdo, que o rebaixamento da nota de crédito do Brasil é reflexo da avaliação institucional que a agência de classificação de risco faz do país atualmente.

 

Embora tenha reconhecido que a gestão do presidente Michel Temer apresentou alguns avanços, como a reforma trabalhista e as mudanças no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo fez “progresso lento” para adotar medidas estruturais na área fiscal.

 

“Ocorreram constantes atrasos para a reforma da Previdência”, lembrou a diretora da S&P. Lisa também mencionou que a questão da regra de ouro foi tema de pressão em debates no campo fiscal e avaliou que existe uma incapacidade de atacar restrições no Orçamento da União. Como aspecto positivo, a diretora da agência citou o combate à corrupção no Brasil, o ganho de credibilidade do Banco Central (BC) com o mercado financeiro e os avanços no setor externo.

 

Lisa também lembrou que a economia brasileira tem se estabilizado, mas que não espera uma recuperação em “V” nos próximos anos, ou seja, uma reação econômica tão rápida e intensa quanto foi a recessão nos últimos anos. Lisa considerou que há um desafio sobre como os candidatos à Presidência da República vão focalizar as reformas fiscais.

 

“Há cenário de que pode haver pouca evolução de reformas fiscais após eleições”, disse a diretora, em teleconferência com jornalistas. “Vamos ver ao longo do tempo se próximo governo avançará em reformas estruturais”, acrescentou. Para Lisa, o Brasil deve apresentar, nos próximos anos, média de crescimento econômico menor que a de seus pares.

 

“Componentes fiscais do Brasil são extremamente fracos”, pontuou. “Se houver melhora da área fiscal ao longo do tempo poderá se positivo para o Brasil”, afirmou. Uma eventual aprovação da reforma da Previdência Social no decorrer deste ano pelo Congresso não altera a expectativa da S&P Global Ratins para a evolução das condições fiscais do Brasil para este ano, comentou Lisa.

 

“Persistentes atrasos da reforma mostram um padrão de progresso lento desta questão”, disse. Na avaliação de Lisa, “é difícil a evolução do cenário de reformas no Congresso, mesmo com empenho do governo Temer”. Ela também ressaltou que “será difícil” cumprir o teto de gastos pelo Poder Executivo nos próximos anos “sem mudanças estruturais fiscais”, entre elas a reforma da Previdência Social.