Uma multidão se reuniu nesta última segunda-feira (1º) para acompanhar o último dia do Festival Virada Salvador, na orla da Boca do Rio. A festa, com shows gratuitos, teve como atrações as cantoras Daniela Mercury,  Margareth Menezes, o sertanejo de Danniel Vieira e o samba de Mariene de Castro.

 

Artista mais aguardada do dia, Daniela, que dá nome à arena onde o evento acontece desde quinta-feira (28), subiu no palco por volta das 18h30 e tocou de tudo: galope, reggae, funk, samba, rock e axé. “Essa arena tem meu nome, e eu jamais imaginei ter alguma coisa em meu nome ainda em vida”.

 

A cantora mantém o projeto “Pôr do Som”, em que se apresenta com convidados sempre no primeiro dia do ano, ao pôr-do-sol, há 19 anos. Nesta segunda, contou com dois convidados especiais: o Balé Folclórico da Bahia, que tem 30 anos de existência, e a banda Quabales, fruto de um projeto socioeducativo nascido no bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador, que trabalha com instrumentos musicais não convencionais, criados partir de material reciclado.‬

Daniela Mercury no Festival Virada Salvador (Foto: Evilânia Sena/Secom)

Com os convidados, homenageou a Bahia e sua cultura, lembrou da capoeira e das religiões de matriz africana e pediu união entre as pessoas com crenças diferentes. Saudou a terra natal, os orixás e brindou a chegada do ano novo pedindo paz a Oxalá.

 

‬”Esse é um show especial, preparado especialmente para esse momento, para que possamos nos reconectar com nossas origens para começar o ano cheio de axé, cheio de energia positiva” “Vamos juntar todas as religiões, todos os brasileiros, pra ter um ano de muita paz”, disse.

Daniela Mercury no Festival Virada Salvador (Foto: Bruno Concha/Secom)

No repertório, canções como “Banzeiro”, aposta da artista para o carnaval, “A rainha do axé”, “Meu Pai Oxalá”, “Olha o Gandhi aí” e “Cidade da Música” animaram a galera. Enquanto cantava “Levada Brasileira”, abriu espaço no palco para uma roda de capoeira e também para que a vocalista cantora Carol Oliveira, do grupo Quabales, pudesse cantar para o público.

A festa, que chegava ao auge, tinha começado, no entanto, bem antes de Daniela subir ao palco, por volta das 15h, com o cantor Danniel Vieira. No meio da tarde, aos poucos, as pessoas iam chegando e lotando o espaço do evento. Nem o calor de quase 30 graus desanimou o público. Assim como na noite da virada, muita gente foi de branco curtir a festa.

“Não é fácil estar aqui uma hora dessa, nesse sol, nesse calor. Então, muito obrigado e palmas pra vocês. Hoje é o dia da pluralidade, dia de todos os ritmos, dia do povo de Salvador”, destacou o cantor, que parecia puxar um trio elétrico em pleno carnaval

Danniel Vieira abre último dia de shows do Festival Virada Salvador, nesta segunda-feira (1º), na orla da capital baiana (Foto: Bruno Concha/Secom)

Entre as canções da playlist do sertanejo baiano, estiveram duas que Danniel classificou como “hinos” da música brasileira: “Evidências”, composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, na década de 90, e “We Are Carnaval”, de Nizan Guanaes. Na vez de Margareth Menezes, o clima esquentou ainda mais.

 

A cantora fez todo mundo pular ao som de hits de sucesso na trajetória artística como “Dandalunda”, “Faraó”, “Alegria da cidade” e musicas novas como “Coisa Milenar”. “Se eu tenho 30 anos de carreira, eu devo isso a vocês, ao povo da minha terra. Obrigado”

Margareth também cantou músicas de outros artistas, como Carlinhos Brown, Saulo e do grupo Baiana System, e ainda chamou percussionistas do grupo afro Muzenza para ajudar na tarefa de manter o público animado na Arena. Com eles, cantou a canção “Me abraça e me beija”.

Margareth Menezes no Festival Virada Salvador (Foto: Bruno Concha/Secom)

Dançou, tocou guitarra, pulou. Ao final da apresentação, os aplausos foram tantos que Margareth pegou o microfone e cantou mais uma, a pedido da galera. Repetiu “Dandalunda”, um dos maiores sucessos de sua carreira. “Está lindo demais. Valeu, salvador. Muita paz e amor no coração”

Mariene de Castro fechou a noite ao som de músicas como “Ilha de Maré”, “Ribeirinha”, “Santo de Casa”, “Colheita”, “Ser de Luz” e “Abre Caminho”. “Estou muito grata por colocar o meu pé direito aqui e cantar no primeiro dia do ano na minha cidade. É emocionante só de falar”

Com 20 anos de carreira, levou a devoção para sua apresentação no palco. Destacou a importância da religiosidade para que o ano seja bom. “A fé é o que nos move. Independente de religião, levar a religiosidade ao palco transforma a fé num compromisso com a cultura, num movimento da identidade de um povo, do sincretismo e do encontro dos orixás”