Agência Brasil

O IBGE divulgou na sexta-feira (15) um retrato dos brasileiros que trabalham por conta própria: seis em cada dez estão na informalidade. A Roberta de Almeida é especialista em bem-casados. “É o bem-casado, o bem-vivido, bem-nascido, bem-sucedido, bem-batizado… Para tudo tem um doce para comemorar com o bem-casado”, diz a confeiteira. Em 2015, a confeiteira virou microempreendedora individual. Fez o registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o CNPJ, e não faltam clientes.

“Sou dona do meu próprio negócio, faço meu horário. Eu trabalho dentro do que eu gosto e dentro da minha casa. Acho que a qualidade de vida é infinitamente melhor do que você encarar o transporte público”, diz Roberta. Quando tem um evento, ela chama a Jaqueline para ajudar a embalar os docinhos. “Dá para conciliar, porque tenho minha filha. Então, não fico tão ausente na vida dela”, conta Jaqueline Fortunato, ajudante de confeiteira.

Há oito anos, a diarista trabalha informalmente. Assim como o Carlos, que faz a entrega. Segundo a pesquisa divulgada nesta sexta-feira (15) pelo IBGE, seis entre dez trabalhadores por conta própria estão na informalidade. A trajetória da Roberta, que deixou o emprego em uma empresa para ser dona de uma confeitaria, é uma tendência identificada na pesquisa do IBGE.

Ao mesmo tempo em que a porcentagem de trabalhadores com carteira assinada diminuiu, nos últimos anos é cada vez maior o número de brasileiros que decidiram criar uma pessoa jurídica para ganhar a vida. O Brasil tem mais de 30 milhões de empregadores e trabalhadores por conta própria. Desse total, 34% têm CNPJ. Dez anos antes, essa proporção era de apenas 24%.

O setor da construção foi o que teve o maior avanço na redução da informalidade. Na região Norte, oito em cada dez trabalhadores por conta própria não tem CNPJ. Enquanto na região Sul, são apenas 5%. O economista Manuel Thedim afirma que essa tem sido uma saída para quem ficou sem opção no mercado de trabalho.

“Tem a característica geral dos conta própria, que é de baixa escolaridade, sem os atributos exigidos pelo mercado formal. Tem o lado das leis trabalhistas estarem mais flexíveis, permitindo a contratação de contas próprias e pessoas jurídicas para fazer trabalho da empresa. Em terceiro, é a retração da economia brasileira, que está reagindo agora, mas que talvez não tenha recomposto todo o seu quadro de funcionários’, opina o diretor do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. G1