Agência Brasil

A duas semanas do Enem, 35 servidores do Inep, o instituto responsável pelo exame, pediram exoneração dos cargos. Eles alegaram fragilidade técnica e administrativa da atual gestão. A saída coletiva começou na sexta-feira (5), quando os dois coordenadores-gerais deixaram os cargos. Na manhã desta segunda-feira (8), 13 anunciaram a saída. Ao longo do dia, mais servidores foram se juntando. Ao todo são 35.

Eles entregaram uma carta dizendo que tomaram a decisão depois de considerarem a situação sistêmica do órgão e a fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep. O Inep é o instituto responsável pela aplicação do Enem. Os cargos, agora vagos, são de coordenação, monitoramento, logística e fiscalização da base de dados, entre outras funções cruciais para a realização das provas, que começam no próximo dia 21.

Mais de 3 milhões de estudantes estão inscritos. Todos os servidores que pediram demissão são concursados. Eles deixam os cargos, mas não vão sair do ministério. Eles destacaram que que não se trata de posição ideológica ou de cunho sindical, e reafirmam o compromisso de manter o empenho com as atividades técnicas relacionadas às metas institucionais estabelecidas em 2021.

A Associação dos Servidores do Inep reforçou a decisão dos ex-coordenadores. Em nota, repetiu que foi a postura da alta gestão do Inep que levou a situação da autarquia a esse ponto dramático. O presidente da associação ressaltou que cargos técnicos têm que ser ocupados por pessoas qualificadas para a função com compromisso.

“Eles estão entregando seus cargos, mas continuam como servidores comprometidos com os trabalhos do Inep, comprometidos com as entregas que o Inep tem que fazer perante a educação brasileira, perante a sociedade brasileira. Mas eles não podem continuar ocupando os cargos que ocupam, discordando da administração atual do Inep”, diz o presidente da Assinpe, Alexandre Retamal.

As denúncias chegaram ao Congresso. A Comissão de Educação da Câmara pediu a convocação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e do presidente do Inep, Danilo Dupas, para que prestem esclarecimentos sobre os principais pontos que envolvem o Enem deste ano, diante dos fatos que antecedem o exame. Ricardo Henriques, que já foi secretário nacional de Educação Continuada do Ministério da Educação, considera que a debandada de coordenadores revela os problemas que o instituto vem passando.

“A insegurança é enorme e deriva, parece-me, de uma posição inadequada, quase irresponsável da gestão do Inep como um todo de permitir que isso tenha acontecido. Não me parece que profissionais da qualidade dos que saíram fizessem esse movimento se não fosse num contexto de desestruturação da instituição”, afirmou o presidente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques. G1