O verso “Carnaval sem Ivete” não está presente na música Fico Assim Sem Você de Claudinho e Bochecha, mas ele caberia perfeitamente na canção. Afinal de contas, é difícil imaginar a festa sem “Mainha”, como no ano passado, quando ela esteve de fora da folia por conta do nascimento das gêmeas Marina e Helena. Mas, para o bem de todos e felicidade geral da nação, digam ao povo que neste ano Veveta está de volta.

A cantora volta à folia hoje, domingo e na segunda, puxando o bloco Coruja no Circuito Dodô (Barra-Ondina). Apesar de cada dia do bloco custar cerca de 700 reais, todos os abadás foram vendidos. Os fãs, como o estudante Henrique Velloso, 27, não conseguem esconder a ansiedade pela volta da musa.

“Eu nunca esperei tanto por um carnaval quanto agora. É a expectativa de dois anos em um só. Todo ano a gente já sabe e espera que ela estará na festa, mas, como no ano passado não teve, ficou aquele vazio e a vontade se acumulou. Amanhã, às 15 horas, já vou estar lá no Farol esperando o trio sair”, conta.

A ansiedade dos fãs também é compartilhada por Veveta. “Eu sou uma cantora de Carnaval, minha alma é de Carnaval, de alegria e de festa. Eu acho que esse meu retorno é a melhor tradução de mim mesma, é a ênfase do que essa festa e esse nome significam na minha vida.”, explicou.

Para Henrique, sair atrás do trio só tem graça se for para acompanhar Mainha. Neste ano, ele só vai para a rua nos dias que Ivete vai sair. E no ano passado que ela não se apresentou, ele ficou sem sair? Não, ele arrumou um jeito de trazer a sua musa para o carnaval. Como? Alugando um carrinho de som, colocando ele no circuito Dodô e fundando o bloquinho “Fãs da Veveta”.

“No sábado de carnaval, no horário que ela sairia no Cerveja e Cia, alugamos um ‘mini trio’ colocamos o bloquinho da rua. Reunimos fãs do Brasil inteiro, teve gente de fora da Bahia que veio para cá apenas para isso. Fizemos uma vaquinha, até gente que não foi ajudou. Foi muito cansativo porque fizemos tudo em uma semana, mas no final deu tudo certo e foi lindo”, relata.

Ao todo, foram necessários 700 reais para alugar o mini trio, curiosamente o mesmo valor do abadá de um dia no bloco Coruja. Curioso também é o fato de que o bloquinho foi “ilegal”, pois os organizadores não obtiveram nenhum alvará ou licença para realizar o desfile. Por conta disso, eles ficaram com medo, mas no final deu tudo certo. “A energia da nossa musa é tão boa que não aconteceu nenhum problema”, conta Henrique.

Críticas
O alto preço do bloco e o fato de Ivete não sair com trio sem cordas gerou críticas por parte de alguns fãs, como o antropólogo Danilo Cardoso, 26. Por “opção política” ele decidiu não comprar o abadá do Coruja. Além disso, ele também conta que prefere seguir o trio de Veveta na pipoca.

“Eu sei que a maioria dos fãs de Ivete, a galera que se mobiliza nas redes sociais, que faz campanha, vota em massa, que a defende sempre, estará fora das cordas. O preço do bloco aumentou bastante este ano e boa parte da galera que fica 24 horas na internet promovendo ela ficará de fora”, critica.

Acompanhando a carreira da cantora há muitos anos, o antropólogo se define como um “fã crítico”. Ele diz que entende que o nome “Ivete” se tornou maior que a própria cantora e, segundo ele, ela deveria usar essa fama e inserção em várias camadas da sociedade para se manifestar politicamente sobre causas sociais.

“Uma pessoa pública tem que prestar contas à sociedade. Eu sei que, historicamente, Ivete não se manifesta politicamente, e eu lamento bastante. Para mim, o artista tem um papel social relevante. O objetivo dele não é apenas ‘promover a alegria’”, defende.

No entanto, mesmo com todas as críticas, Danilo não esconde a felicidade e a ansiedade por ter a sua musa de volta à festa de rua mais popular do planeta. Ele garante: “o amor por ela é algo que não vai acabar”.

O Brasil quer ver
Muita gente está vindo de fora para ver a volta de Ivete ao carnaval. De acordo com a San Carnaval, uma das empresas que vendem os abadás do Coruja, cerca de 80% das pessoas que compraram o bloco são de fora da Bahia. É o caso da consultora de negócios, Adriana Machado. “No ano passado eu vim ao carnaval pela primeira vez. Foi ótimo, mas senti falta de Ivete. Eu gosto muito dela e foi um ‘buraco’ ela não estar aqui. Esse ano vim para vê-la.”, contou a carioca que veio em família com a irmã, filha e sobrinha segundo informações do Correio da Bahia.