O governador Rui Costa falou nesta quinta-feira (25) que a Bahia tem alguns pontos em que a pandemia do coronavírus está mais intensa e, por isso, a atenção tem se voltado para estas regiões.

“Como a Bahia é muito grande, a gente tem tratado por região e por cidade. Não adotamos uma medida universal para todo estado, tirando a suspensão das aulas, e sim atuando nos focos, como se fosse um incêndio florestal. A gente tá jogando água onde tem os focos. Nesse momento nós temos algumas cidades que estão acima da média e estamos atuando especificamente nelas. Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Conceição do Almeida, Itaberaba. Temos cinco ou seis cidades com percentual acima da média e temos atuado”, diz.

Segundo Rui, que falou durante a inauguração de um posto de saúde em Pau Miúdo, a percepção do governo é que a nível estadual houve uma estabilização dos casos de covid-19, que pararam de crescer em um ritmo acelerado. O problema é que parou de crescer em um nível considerado muito alto.

“A demanda, por exemplo, para leitos hospitalares no estado tá em torno de 1,4%, 1,5%. É uma demanda baixa, cresce isso diariamente. Isso em maio, era 10%. Então nós conseguimos reduzir. A sensação é que estabilizou. A má notícia é que estabilizou em um patamar muito alto. Estamos com mais de mil casos diários novos (da covid-19) e temos patarmar de óbitos em torno de 50, média dos últimos cinco dias. De um lado, a gente pode enxergar luz no final do túnel, porque estabilizou, mas infelizmente num patamar muito alto, portanto não dá para comemorar nada”, considera.

Para o governador, é preciso mais coloboração da população, especialmente pessoas que recebem o diagnóstico positivo para a covid-19. “O que tá me preocupando, tem me chegado muitos relatos de que na periferia as pessoas até estavam tomando cuidado com medo de contrair. Mas muitos, depois que contraíram pensam ‘Agora já peguei mesmo’ e estão indo para a rua. Isso significa que vai demorar de cair a taxa de contaminação”, diz, lembrando que o governo não tem condições de fiscalizar todos.

“Uma pessoa que sabe que está contaminada e vai para a rua está deliberadamente colocando a vida do próximo em risco, mesmo que não tenha sintoma nenhum. Muitos assintomáticos se sentem seguro para ir para rua e acabam contaminando outras pessoas”, afirma.

Falta da coordenação nacional
Questionado sobre a ausência de um ministro efetivado da Saúde, Rui afirmou que o Brasil está pagando um preço que não deveria pela falta de coordenação nacional. Ele voltou a fazer uma comparação usando um incêndio.

“Eu digo sempre, imagine um incêndio numa floresta. Ou você debela o fogo de uma vez, ou se você tiver alguns tentando apagar o fogo e outros distribuindo brasa, você não vai apagar o incêndio nunca. Então a ausência de uma coordenação nacional… É difícil quando você tem prefeitos e governadores num esforço extraordinário para acabar o incêndio… É como se você tivesse conseguido apagar tudo e de repente chega ônibus de outro estado jogando brasa na floresta. Aí no outro dia você tem que correr para apagar incêndio de novo”, exemplifica.

O governador falou do alto número de pessoas que chega à Bahia com covid-19 vindas de outros lugares. “Eu disse outro dia que se as pessoas que chegavam de outros estados contaminadas fosse uma cidade, seria a 7ª cidade em números absolutos de contaminados na Bahia. São cerca de 800 , chegaram milhares, mas 800 os prefeitos conseguiram fazer testes quando estavam desembarcando e deram positivos. Semana passada teve crescimento de 339% desses casos. Significa que a gente tá apagando o fogo e alguém jogando brasa. Ausência de uma ação coordenada nacional fez com que o Brasil tivesse muitos mais casos e mortes”, finaliza. Correio da Bahia