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O presidente do União Brasil em Salvador, vereador Duda Sanches, crê que o melhor caminho para a pré-candidatura de ACM Neto na Bahia, no momento, seja manter a neutralidade em relação à disputa presidencial. “Sou um homem de partido. Sou presidente do partido em Salvador. Caso a candidatura de Luciano Bivar prossiga, seguiremos essa orientação. Porém, a gente vê uma polarização muito grande entre Lula e Bolsonaro. Hoje, vou me ater à orientação do partido. Na posição que ocupo, a gente tem que seguir essa orientação. E ACM Neto não é diferente. Vamos esperar as cenas dos próximos capítulos para poder responder a essa pergunta com mais afinco”, declarou, em entrevista à Tribuna. No papo, o vereador faz um panorama da campanha carlista na Bahia e faz projeções. Ele ainda critica o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (MDB), que hoje é pré-candidato a vice-governador na chapa adversária encabeçada por Jerônimo Rodrigues (PT).

Tribuna – Como está o diálogo da Câmara Municipal de Salvador depois da fissura do presidente Geraldo Júnior com base? Está mais difícil? 

Duda Sanches – Inegavelmente, se a gente disser que a relação continua perto do que já foi, eu estaria faltando com a verdade. A gente sabe que as movimentações de Geraldo Júnior foram traiçoeiras e começaram com a decisão dele em restabelecer uma eleição da mesa diretora, de saída de um grupo e entrada em outro… Aquilo, quando começou, a gente soube que teria outros desdobramentos e empecilhos – como a mudança de comportamento dele na Casa. Antes, ele enxergava os projetos da Prefeitura de uma forma e agora enxerga de outra. A gente está vendo isso com a mudança de tarifa dos ônibus, que tinha apoio da população para que não fosse acrescida em mais 50 centavos. Mas a Câmara não conseguiu estabelecer um consenso e hoje o cidadão paga 50 centavos mais caro do que deveria pagar se a Câmara tivesse contribuído. É duro a gente ver que a política está sendo colocada em primeiro lugar e não o interesse da população. A gente está tendo dificuldade por conta do comportamento do presidente, que só enxerga a eleição quando deveria estar enxergando primeiro a população.

Tribuna – Qual é a sua expectativa em relação à eleição estadual, já que ACM Neto lidera todas as pesquisas? 

Duda Sanches – As nossas pesquisas, inclusive as internas, mostram que a população pede mudança e a campanha de ACM Neto se mantém estável e crescente, porque alcançou um pico de 60%. E subindo, porque já está alcançando aquele patamar de estabilidade. A gente espera que a eleição se consolide neste cenário, com a maioria esmagadora dos baianos pedindo mudança. Principalmente porque Neto foi eleito oito vezes o melhor prefeito do Brasil. E isso não foi à toa. Isso, para ter sido eleito pela maioria do povo soteropolitano, é porque o trabalho dele foi reconhecido inclusive pelos que politicamente não são alinhados com ele. Até quem não tem um alinhamento ideológico com o ex-prefeito ACM Neto vê que ele é um bom gestor, percebe que é um bom gestor e vai votar nele. Então, essa eleição vai ser diferenciada inclusive da tradição de 30% do segundo colocado. A gente tende a expandir essa diferença. João Roma e Jerônimo não somam 20% desse montante. Então, estamos vendo com os melhores olhos possíveis. A gente percebe que o sentimento de mudança do baiano é grande.

Tribuna – Inclusive, João Roma no passado foi netista e agora é bolsonarista. O senhor acha que a pré-candudatura de Roma pode crescer nos próximos meses ou vai ficar estagnada? 

Duda Sanches – A campanha na Bahia, em que pese muitos tentarem repetir essa retórica nessa eleição, a gente percebe que o eleitor teve uma mudança de comportamento muito grande em nível de Brasil. Na Bahia não vai ser diferente. E aqui Neto consegue se dissociar de uma candidatura à Presidência em nível nacional de tal forma que a gente pode observar em outros candidatos também esse fenômeno. João Roma não vai ser votado simplesmente por ser um aliado do presidente Bolsonaro. As pessoas vão votar em quem elas acreditem ser o melhor para a Bahia. E elas já perceberam, inclusive, com ACM Neto à frente da capital, que esse alinhamento não precisa acontecer para mudar um Estado. Em Salvador, foi assim. Se vendia muito que Salvador poderia retomar o tamanho e o desenvolvimento se tivesse uma Prefeitura alinhada com o Governo. Neto chegou e mostrou que esse assunto não tinha absolutamente nada a ver. Essa exigência não existe, uma vez que uma pessoa de diálogo se sente naquela cadeira.

Tribuna – Como está vendo a disputa presidencial? 

Duda Sanches – Sou um homem de partido. Sou presidente do partido em Salvador. Caso a candidatura de Luciano Bivar prossiga, seguiremos essa orientação. Porém, a gente vê uma polarização muito grande entre Lula e Bolsonaro. Hoje, vou me ater à orientação do partido. Na posição que ocupo, a gente tem que seguir essa orientação. E ACM Neto não é diferente. Vamos esperar as cenas dos próximos capítulos para poder responder essa pergunta com mais afinco.

Tribuna – ACM Neto falou a um tempo atrás em neutralidade. Como está o posicionamento dele agora? 

Duda Sanches – ACM Neto é um homem de partido. Segue a orientação do seu partido. Esteve no lançamento da candidatura de Bivar e ele prosseguirá neste sentido.

Tribuna – Qual é o perfil ideal para a vice de Neto? Temos alguns nomes cotados, mas qual seria o ideal na sua visão? 

Duda Sanches – Para mim, o perfil ideal é alguém que, somado a ACM Neto, traga experiência e conhecimentos do interior da Bahia para a nossa chapa. ACM Neto já foi deputado de alguns mandatos e conhece a Bahia como poucos. Agregar mais alguém com essa experiência é alguém que a gente precisa neste momento.

Tribuna – A aliança com o PP, na sua avaliação, ajudou ou vai ajudar Neto a crescer ainda mais ou o senhor acha que não influenciou? 

Duda Sanches – Influenciou, absolutamente. Muito, na verdade. O PP é o maior partido que fazia parte da coalizão de oposição ao nosso projeto aqui na Bahia. O João Leão, atual vice-governador, e o Cacá trazem uma quantidade significativa de apoios. Ao mesmo tempo que sempre tiveram, mesmo que estivessem em campos opostos, sempre tiveram muita sintonia com o nosso grupo. Cacá é um amigo que conheço há mais de 10 anos. O PP não vem apenas a agregar com os nomes de Leão e Cacá, mas também em quantidade de prefeitos – a exemplo de Zé Cocá, que é presidente da  UPB. Tenho a convicção de que o projeto de ACM Neto está deste tamanho tem a contribuição de João e Cacá neste processo.  Tribuna da Bahia