O prefeito ACM Neto prometeu uma fase “paz e amor” com o governador Rui Costa. Não é novidade. Após eles deixarem de ser adversários diretos na urna, a postura era esperada. A declaração de ACM Neto, todavia, acontece em outro contexto: o prefeito está na reta final de indicar oficialmente Bruno Reis como seu candidato à sucessão. Por isso, insistir em batalhas campais com o “grande eleitor” do lado oposto pode gerar desgastes desnecessários para um processo eleitoral. Seria uma estratégia burra, algo que, definitivamente, ACM Neto não é.

Depois de cozinhar um pouco os aliados e ver até onde eles poderiam “avançar as garras”, o prefeito vai oficializar o início das conversas. Deve começar a fazê-lo, inclusive, com partidos de maior relevância – leia-se tempo de televisão. Por isso, não estranhemos se PSDB e Republicanos forem os prioritários. O Democratas, partido do qual ele é presidente nacional, deve chegar pacificado, ainda que a saída de Leo Prates para o PDT não tenha sido exatamente um jogo combinado com todos os membros.

Com o aval das legendas com maior tempo de rádio e televisão, as conversas devem chegar aos partidos menores. Até mesmo para fazer um contraponto ao planejamento executado até aqui pelo bloco de SD, MDB, PTB e PSC, que quer fazer frente à candidatura de Bruno Reis. Geraldo Jr., porta-voz “oficial” do grupo, tenta mostrar musculatura política, porém as simulações feitas até aqui não o colocam como um jogador eficiente na busca por intenções de voto. Ou ACM Neto consegue compor com esse grupo ou pode optar pelo método rolo-compressor, menos provável por se tratar de um momento eleitoral.

Se do lado do prefeito de Salvador a chance de um entendimento sobre o lançamento de Bruno Reis está próximo, no grupo adversário não há muitas indicações de uma resolução. Por isso ACM Neto deve manter o cronograma de antecipar o nome do seu candidato à sucessão. Quanto antes o fizer, maior a chance de crescimento do vice enquanto nome competitivo para as urnas. Como é muito bem avaliado pela população, a chance de transferência de voto é grande e, dentro do município, o poder do prefeito é maior do que o do governador. Por isso ele há de manter unida a base de apoio, evitando que fissuras exponham certa fragilidade junto à população.

Com curva ascendente de crescimento nas pesquisas, rejeição relativamente baixa e com desconhecimento acentuado, Bruno Reis deve ser apresentado como uma das principais apostas do processo eleitoral da capital baiana. ACM Neto, todavia, não fará a transferência automática de prestígio e votos. Por isso, o vice seguirá gastando sola de sapato entre janeiro e outubro, quando chegar o momento das urnas. A faca e o queijo já estão na mão. Saber dosar o corte e controlar eventuais ratos a roerem esse queijo serão bons desafios até lá. Por Fernando Duarte/Bahia Notícias