Agência Brasil

Diante da indefinição sobre o novo programa social, a ala política do governo voltou a defender a prorrogação do auxílio emergencial por dois ou três meses em 2021. Assessores afirmam, porém, que o presidente Jair Bolsonaro ainda não tomou nenhuma decisão sobre o tema e deve fazê-lo logo depois do segundo turno das eleições municipais.

“A decisão é do presidente Bolsonaro e, até agora, ele não tomou uma posição. Deve decidir entre esta e a próxima semana, sabendo da importância do benefício para a população que está em situação de vulnerabilidade”, disse ao blog um assessor presidencial.

O assessor reconhece que as pressões pela prorrogação do auxílio voltaram, mas destaca que será preciso garantir o cumprimento do teto dos gastos públicos. Pelo texto em vigor, o pagamento do benefício – criado em meio à pandemia do novo coronavírus – vai até dezembro deste ano.

A possibilidade de prorrogação do auxílio, sem a definição de cortes de gastos para acomodar a despesa no Orçamento do ano que vem, tem gerado tensão no mercado. A semana passada terminou com dólar em alta e juros futuros também subindo.

Líderes do governo no Congresso ainda nutrem uma esperança de aprovar a chamada PEC Emergencial neste ano e de incluir no texto o novo programa social do governo. Mas a própria base aliada do presidente da República no Legislativo considera isso praticamente impossível.

Com a votação da proposta ficando para o próximo ano, a ala política do governo voltou a defender que o auxílio emergencial continue a ser pago até o Congresso aprovar medidas que garantam a criação do novo programa social ou a reformulação do Bolsa Família. Caso a escolha seja pela alteração do Bolsa Família, o valor do benefício seria aumentado, assim como o número de famílias atendidas.

Atualmente, o programa atende a cerca de 14 milhões de famílias. A proposta da equipe econômica é a de incluir pelo menos mais seis milhões no Bolsa Família ou no novo programa social. O valor do benefício passaria de R$ 190 para R$ 250. Entre assessores presidenciais, a avaliação é a de que, se o novo programa social não for aprovado, o governo vai ter de prorrogar o auxílio emergencial.

O benefício começou com parcelas de R$ 600 e hoje é de R$ 300. A prorrogação deve ocorrer por dois motivos. O primeiro é não deixar uma parcela da população sem renda. O segundo é a motivação política, já que o auxílio contribuiu para melhorar a imagem do presidente nas faixas de renda mais baixa da população.

Até aqui, o ministro da Economia, Paulo Guedes, é contra a prorrogação do auxílio emergencial. Ele defende que, se não for possível aprovar a criação do Renda Brasil ou Renda Cidadã, o Bolsa Família deve ser reformulado. Por Valdo Cruz/G1