A área sob alerta de desmatamento na Amazônia nos meses de junho a agosto de 2019 teve alta de 203,5% em relação ao mesmo período de 2018. Se analisado somente o mês de agosto nos dois anos, o aumento foi de 223%. Os dados são do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e não são referendados pelo governo como a taxa oficial de desmatamento, que é medida por outro sistema, o Prodes.

A taxa de desmatamento oficial é divulgada anualmente e abrange o período de julho de um ano a agosto do ano seguinte. O período que se encerra em 2019 ainda não foi divulgado, mas nos últimos três anos, os alertas do Deter-B têm sido confirmados nas taxas oficiais de desmatamento, e com margem.

A análise de dados comparativos por trimestre evita distorções sazonais que possam ser causadas pela leitura dos satélites, como a presença de nuvens de chuva, por exemplo. De junho a agosto de 2019 foram 4.892,4 km² sob alerta, enquanto no mesmo período de 2018 foram 1.611,7 km².

No acumulado de janeiro a agosto deste ano, foram 6.404,3 km³ sob alerta contra 3.336,9 km² no mesmo período de 2018 – alta de 92% Os alertas diários são emitidos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e servem para embasar ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Desmatamento precede queimadas

Os números de desmatamento queimadas na Amazônia têm gerado críticas do governo Jair Bolsonaro, mas especialistas alertam que os problemas estão relacionados. O “ciclo de desmatamento” tem como base a tentativa de ocupação desregrada de terras da União, inclusive em áreas protegidas, como verificou o Desafio Natureza no Pará.

“Ocupa-se a área pública, e é feito o desmatamento como forma para valorizar a terra e vender”, explicou Tasso Azevedo, coordenador-técnico do Observatório do Clima e coordenador-geral do MapBiomas. De acordo com a WWF, um a cada três focos de queimada na Amazônia está relacionado com desmatamento. G1