No mundo idílico da base aliada do governador Rui Costa, será exitosa a falta de uma definição sobre quais são as candidaturas a enfrentar o projeto de continuidade do grupo político de ACM Neto à frente da prefeitura de Salvador. São pelo menos seis nomes ligados ao governo da Bahia que mantêm as respectivas pré-candidaturas sem evoluir numa articulação que resulte em uma lista menos diversa: Sargento Isidório (Avante), Lídice da Mata (PSB), Olívia Santana (PCdoB), Major Denice (PT), Bacelar (Podemos) e Eleusa Coronel (PSD).

Enquanto isso, Bruno Reis (DEM) já tem 14 partidos no arco de alianças, com a possibilidade de ampliação com um naco de aliados de Rui. É uma contagem desigual, do ponto de vista de “tentáculos políticos”. Isidório até reclamou publicamente de um “boicote” para evitar que ele tenha tempo de televisão e apresente as próprias propostas. Tirando o conservadorismo aliado à esquerda e ao trabalho social da Fundação Doutor Jesus, não me parece que o deputado federal tenha tanto conteúdo assim.

No entanto, ele pode ser decisivo para forçar um segundo turno. Ainda assim, é só ter memória para lembrar que, em 2016, o pastor sargento foi renegado durante a campanha. A deputada federal Lídice da Mata chegou a sinalizar que o PSB pode sair em voo solo, pois há dificuldades em construir alianças. O desafio do partido é manter a competitividade para a chapa proporcional, caso a ex-prefeita não tente retornar ao Palácio Thomé de Souza.

Há um raciocínio pragmático nesse ponto, especialmente quando as pesquisas realizadas até agora sugerem que Lídice poderia disputar um eventual segundo turno com Bruno Reis – ela e Isidório são os aliados de Rui que melhor pontuam. A questão da proporcional também tende a ser decisiva para a manutenção da campanha de Olívia Santana. Para manter uma bancada minimamente representativa na Câmara, a candidatura majoritária do PCdoB é uma demanda importante.

A favor de Olívia ainda consta o apoio do Progressistas, que já retirou a candidatura de Niltinho e foi o único partido da base do governo estadual a defender um aliado. Sobram Major Denice, Bacelar e Eleusa Coronel, que ainda não mostraram como vão caminhar. O PT não tende a recuar e o Podemos chega a sugerir esse caminho, mesmo ao flertar com outras legendas de fora do circuito tradicional da política baiana, como o Rede Sustentabilidade.

Já Eleusa é candidata de si e do marido, Angelo Coronel, já que o PSD é muito mais representativo no interior do que na capital. Porém não seria totalmente estranho vê-la nas urnas. Enquanto Bruno Reis pode, no máximo, sofrer um caldo do próprio ego no mar tranquilo que se desenha a eleição, os adversários buscam um espaço para causar uma tempestade. Pela estratégia adotada a três meses da eleição, é possível que não passem de marolas. Por Fernando Duarte/Bahia Notícias