Se o título desta análise lhe despertou alguma dose de esperança, a intenção era essa. O empate em 2 a 2 com o Cruzeiro, com dois gols de Samuel, pode ser a tábua a que o Vitória se agarre com força para tentar se salvar. Não que a equipe tenha dado sinais de que pode resolver seus problemas na base da técnica ou da tática – apesar de uma boa atuação durante os primeiros 20 minutos. Não, não. Esqueça isso, torcedor. O papo aqui é estado de espírito.
Ao longo da temporada, quantas vezes esse grupo terminou uma partida com um gosto que não fosse amargo na boca? Pouquíssimas. Nesta Série B, ainda menos. Aconteceria novamente se Samuel não demonstrasse técnica e frieza para empatar o jogo e evitar a derrota. Sem aquele golzinho, seria um time abatido no hotel, depois no embarque, desembarque e mais alguns dias de preparação com jogadores cabisbaixos.
O anímico é essencial no futebol. Sem confiança, você entra em campo como uma presa prestes a ser devorada. Um revés para o Cruzeiro seria devastador para essa equipe do Vitória. Com um turno ainda em disputa, há de se apegar a algum elemento para acreditar que o Vitória não vai cair para a Série C. Esse empate veio a calhar.
E o Vitória, hein? Quem diria…
Não há qualquer exagero em dizer que o Vitória dominou o Cruzeiro nos primeiros 20 minutos de jogo, defendendo-se com eficiência e organizado para atacar. Não à toa teve as melhores chances, até empilhando uma sequência de escanteios pelo lado direito de ataque. Na fase ofensiva, destaque para Fernando Neto, principal organizador da equipe, talvez empolgado pelo seu jogo de número 200 como profissional. Além de municiar os companheiros, tentou arrematar de fora da área.
Pelo lado esquerdo, Marcinho apareceu bem e, em boa jogada, descolou o pênalti, que foi convertido por Samuel. Depois do gol, de maneira até natural, o Cruzeiro voltou com mais empenho e empurrou o Vitória para trás. A equipe marcou bem, mas cedeu alguns espaços e poderia ter sido castigado após falha de Pablo Siles – que, por sinal, fez uma boa partida, jogando como primeiro volante.
O bom e velho Samuel
A vantagem do Vitória ruiu em poucos minutos do segundo tempo. Aos três, Rafael Sóbis recebeu um presente dentro da área e empatou a partida Um gol, por sinal, com a contribuição valorosa de João Victor, que não leu a cartilha do bom defensor. Bola pererecando na área, por cima ou por baixo, é do zagueiro. Tem que chegar com vontade.
O gol atrapalhou os planos do Leão, que desceu suas linhas e esperava conter o ímpeto do rival nos primeiros minutos para, quem sabe, levar o jogo no contra-ataque. Em vez disso, a equipe levou foi a virada, em chute de fora da área que desviou em Pablo Siles. No segundo tempo, o que se viu foi uma equipe desorganizada e sem grandes ideias para chegar na área do Cruzeiro, que, a essa altura, já havia perdido o ímpeto.
Sorte é que brilhou a estrela de Samuel, que recebeu um passe primoroso de Soares, driblou Fábio e concluiu com extrema competência. Embora não seja o melhor resultado, esse empate no fim pode servir para dar confiança a Samuel, artilheiro da equipe na temporada, e ao próprio Vitória, que termina a partida sem um gosto amargo na boca, como poucas vezes aconteceu neste ano. Globoesporte