Foto: Givaldo Barbosa

Os partidos que integram a base aliada do governador Rui Costa (PT) estão longe de chegar a algum tipo de direcionamento para as eleições de 2020 em Salvador. E o próprio comandante segue numa estratégia estranha de postergar qualquer discussão sobre o tema. Enquanto isso, o grupo ligado ao prefeito ACM Neto (DEM) anda a passos largos com o indicativo da candidatura de Bruno Reis a prefeito, com o início de uma disputa pela vaga de vice.

Ao mesmo tempo em que negou ser o momento de falar sobre as eleições de 2022, o governador afirmou que não é hora de tratar de nomes para a disputa do Palácio Thomé de Souza no próximo ano. Ele vai na contramão do que prega boa parte das legendas que orbita ao seu redor.

Partidos como PT, PSD e PP apresentam postulações e uma chuva de possibilidades, ainda que nenhuma seja efetivamente concreta. Ao adiar qualquer indicativo ou direção, Rui prorroga o início de uma articulação para que se apresente uma candidatura competitiva apoiada pelo governador.

Até o momento, o grupo político capitaneado pelo petista se comporta como o fez em 2016. De um lado, o partido tentava lançar uma candidatura própria. Do outro, aliados como o PCdoB esticavam a corda para tornar a candidatura de Alice Portugal irreversível.

Depois de muito reme-reme, Rui embarcou na campanha da comunista, mas dividiu as atenções com a candidatura de Sargento Isidório, então no PDT. O resultado foi o notório: ACM Neto passeou pelas urnas e foi reeleito com percentual de quase 74% dos votos válidos.

Talvez 2020, inclusive, seja um pouco pior para que o governador consiga transferir votos no comparativo com o último pleito municipal, ainda que Rui tenha sido reeleito com percentual acima de Neto e esteja muito bem avaliado.

O sentimento anti-PT, que se viu em 2018, ainda não parece ter se dissipado e talvez aí resida a aposta de partidos aliados para tentarem disputar o pleito com o apoio do governador. Ainda assim, será muito natural que existam múltiplas candidaturas com foco não na eleição do Executivo, mas para tentar capitalizar politicamente as composições proporcionais.

O movimento de muitas candidaturas pode acontecer também do lado de ACM Neto. No entanto, até o momento o grupo do prefeito tem concentrado forças na virtual candidatura de Bruno Reis e o efeito não dá para ser verificado tão facilmente.

Caso o atual vice não se mostre viável a longo prazo, é possível verificar que o prefeito poderia sacar outros nomes da cartola, o que não aconteceria entre os adversários. Quanto mais a discussão sobre 2020 for adiada, maior o risco de o governador não fazer valer a votação expressiva que teve dois anos antes.

No duelo entre os dois grandes eleitores do próximo pleito, ACM Neto parece estar em ligeira vantagem com relação à Rui. O que não quer dizer que o petista vai deixar que uma vitória do grupo adversário seja fácil… Este texto integra o comentário desta segunda-feira (6) para a RBN Digital. Por Fernando Duarte