O impacto dos reajustes no preço do diesel tem pressionado os custos de produtos e serviços em toda Bahia, conforme relatos de fornecedores, caminhoneiros, comerciantes, até dos consumidores. O litro mais caro do diesel no Brasil neste mês maio foi registrado em Porto Seguro, no sul do estado.

“De Sergipe para o Espirito Santo, o frete é R$ 12 mil e a gente hoje está gastando R$ 11 mil de combustível. Sobra R$ 1 mil para a manutenção do carro, o pneu hoje mais barato é R$ 3 mil”, conta o caminhoneiro Flávio Davi. O caminhoneiro Sinval Moreira, que viaja por vários estados do Nordeste, reclama do preço que pagou no combustível na Bahia. De acordo com ele a diferença chega a R$ 1.

“De Alagoas para cá eu tive a diferença de um real. Abasteci na cidade de São Sebastião na semana passada por R$6,60 e aqui está de R$7,59. O diesel aqui na Bahia está difícil.”
O comerciante Silvio Santos, que compra carga de abacaxi, também reclama do valor que o produto está custando. De acordo com ele, a carga da fruta sofreu aumento de R$ 0,40 no período de um mês e que a justificativa dos reajustes é a alta do óleo diesel.

“Fica ruim de vender, porque o que a gente vendia de R$ 2,50 agora tem que vender de R$ 3.” A feirante Katia Regina de Teixeira de Freitas, no sul da Bahia, precisou reajustar o preço dos produtos que vende na banca.

“Subiu para gente, tem que pôr um pouquinho para eles [consumidores]” , conta.
Simone Mercês é sócia administrativa de mercado e conta que os fornecedores avisam constantemente que o aumento do combustível vai alterar o custo dos produtos.

“Eles estão avisando que o diesel aumentou, consequentemente o frete vai aumentar, então o valor do produto será outro”, diz.

O preço dos alimentos é determinado por uma série de fatores e quando o valor do diesel sofre reajuste, todos os mantimentos tendem a subir. Isso acontece porque, segundo pesquisa do Banco Mundial, 58% do transporte no Brasil é feito por rodovias. Quando o transporte fica mais caro, o que é transportado também é atingido.

De acordo com o economista, Gustavo Pessoti, o diesel tem uma composição de aproximadamente 35% dos custos de fretes, mas com as elevações do preço do combustível, já está próximo de 40%.

“Infelizmente isso é sinônimo de repasse de preço aos produtos da cesta básica, aos produtos comuns.”

No oeste da Bahia, grandes produtores de grãos relatam que o aumento constante do diesel compromete o custo na lavoura, por haver projeção do frete que não acompanha os reajustes rápidos do combustível.

De acordo com Ana Georgina, superintendente técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o acúmulo de 58% de aumento do diesel na Bahia, reflete no poder de compras das pessoas.

“É um efeito em cascata na inflação. Porque vai aumentar na alimentação, por conta do frete, mas não só por conta do frete, as bombas, geradores que são movidos pelo diesel, na própria cadeia da alimentação, isso vai impactar.”

O aumento é sentido pelo consumidor que vem diminuindo cada vez mais a quantidade de produtos básicos que consegue comprar. Para o cozinheiro Ednaldo Vitor, a solução é fazer pesquisa de preço e variar o lugar que realiza suas compras.

“Levo, mas um pouquinho de cada coisa. Faz malabarismo, vai aqui, vai ali. Nunca pode ser no primeiro, um pouquinho em cada lugar.” G1