Após um primeiro turno em que comemorou a vitória de aliados nos maiores colégios eleitorais da Bahia, inclusive na capital, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) sofreu a maior derrota do pleito municipal neste último domingo (27), em Camaçari, com a vitória do petista Luiz Caetano à Prefeitura local. A disputa foi estadualizada, e colocou Neto em confronto direto com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), numa prévia do duelo que deve ocorrer em 2026.
Desde 2017, o União Brasil governa Camaçari. Na eleição de 2016, o atual prefeito Antonio Elinaldo, cuja candidatura foi estimulada principalmente pelo ex-gestor da cidade Helder Almeida (União), com o apoio de ACM Neto, derrotou o mesmo Caetano com 60,84% dos votos. Em 2020, Elinaldo venceu a esposa do petista, a atual deputada federal Ivoneide Caetano (PT), por 53,12%. Hoje, Caetano foi eleito para o quarto mandato como prefeito com 50,92% dos votos válidos contra 49,08% do vereador Flávio Matos (União), escolhido sucessor no grupo de Neto.
A diferença de apenas 2.902 votos demonstra o acirramento da disputa. ACM Neto praticamente se “mudou” para Camaçari, levando junto o prefeito de Salvador, Bruno Reis, e gestores eleitos em cidades vizinhas no primeiro turno, a exemplo de Débora Régis (União), de Lauro de Freitas, e Devaldo Soares (União), de Simões Filho, só para citar dois. Levou ainda vereadores e lideranças políticas do grupo oposicionista da capital e do interior, além de parlamentares. Jerônimo e o PT também fizeram de igual modo, chegando mesmo a assegurar a presença do presidente Lula em um grande comício no Centro da cidade.
Os dois lados trocaram acusações gravíssimas, inclusive mirando 2026. O ex-prefeito de Salvador associou o PT ao tráfico de drogas, e, por conta disso, está sendo processado pelo próprio governador. Acusou, ainda, os petistas e Jerônimo de usarem o aparato da Polícia Militar para favorecer Caetano e intimidar os eleitores de Flávio Matos. Os petistas, por sua vez, disseram que Neto utiliza a estrutura da Prefeitura de Camaçari como “cabide de empregos” para aliados e “caixa de campanha”.
Com o resultado deste domingo, os planos de ACM Neto de fazer um “cinturão 44” nos principais municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS) sofreram um revés importante. Se ganhou em Lauro de Freitas no primeiro turno, sexto colégio eleitoral da Bahia e onde o PT governava, perdeu em Camaçari, quarta cidade do Estado em termos populacionais e segunda maior na economia.
Apesar disso, a oposição ainda segue na frente quando o recorte é o resultado eleitoral nos grandes municípios da Bahia. Das 10 maiores cidades do Estado, aliados de ACM Neto irão governar em sete, incluindo Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista. Se o recorte for sobre os 20 maiores colégios eleitorais, a oposição, em tese, vai governar em 12.
Entretanto, prefeitos de partidos da base de Jerônimo venceram em mais de 300 municípios, porém o número pode chegar facilmente aos 350 levando em conta aqueles eleitos em siglas oposicionistas que já apoiam o governador.
Com esse retrato da eleição municipal, o cenário para 2026 se assemelha ao de 2022, quando ACM Neto entrou na disputa mais forte nas grandes cidades, enfrentando um PT que se sobressaia nas pequenas e médias localidades. Naquele ano, o ex-prefeito de Salvador, que perdeu no segundo turno, a exemplo de Flávio Matos, era franco favorito contra um então desconhecido Jerônimo, que teve ao lado a força eleitoral de Lula na Bahia. Resta saber como esses atores estão politicamente em 2026, cuja campanha já deve começar. Informações do Política Livre