A Prefeitura de Ilhéus, no sul da Bahia, decretou situação de emergência por causa dos estragos causados pelo avanço do mar na cidade. Um balanço feito pela Defesa Civil do município estima que 65 casas e 16 estabelecimentos comerciais foram afetados pelo problema nos últimos 30 dias. Este é o segundo decreto de situação de emergência feito pela cidade este ano.

Em junho, o município pediu auxílio por conta da chuva intensa na região e o decreto foi reconhecido pelo governo. De acordo com o decreto novo, a área atingida pelo avanço da maré fica no litoral norte do município e tem extensão de 20 km. Entre os 16 estabelecimentos atingidos, estão barracas de praia, um restaurante, um hotel e uma pousada.

O mesmo relatório estima um prejuízo avaliado em R$ 4,7 milhões, que incluiu, além dos danos estruturais, perdas na movimentação do turismo e comércio. Segundo a prefeitura, o alerta foi enviado para a Defesa Civil do estado no último sábado (31). O município aguarda a visita de técnicos do órgão para homologarem o decreto de situação de emergência. O coordenador da Defesa Civil de Ilhéus, Joandre Neres, informou que uma visita está marcada para a segunda-feira (9).

“Estamos aguardando a visita. Depois disso, passa para o Governo Federal reconhecer [o decreto]. E aí o município tem o aval de poder estar fazendo medidas preventivas. No caso, compra de rochas, sem licitar, que nesse caso para facilitar, como estamos em situação de emergência. Assim como também liberar licenças ambientais para os moradores que quiserem fazer algo particular em alguma área”, contou Joandre Neres.

“Algumas obras emergenciais cabem à Secretaria de Infraestrutura que também pode estar realizando isso. A Defesa Civil tem o papel de fazer o levantamento dessas áreas e encaminhar para eles e indicar onde precisa fazer”, completou.

Enquanto o auxílio de fora não chega, os moradores da cidade e a administração lidam com os problemas. Nesta semana, a Defesa Civil municipal fez um novo alerta de maré alta para o dia 15 de setembro.

Prejuízo

A dona de casa Silvana Santos é uma das pessoas que tiveram a casa atingida pelo mar. Ela mora com os filhos no bairro São Miguel. Nos últimos dias, as ondas fortes derrubaram parte do muro do imóvel e abriram um buraco no banheiro da casa.

“Minha mãe faleceu e eu vim para cá. Só tenho esse lugar para ficar com meus filhos. Eu, meu filho de 14 anos e minha filha de 7. Não tenho lugar para ir. Então, eu estou tentando amenizar até arranjar um lugar para ir”, disse Silvana.

“Quando a maré está lá embaixo eu durmo. Quando ela está enchendo eu acordo, fico assustada, olhando meus filhos dormirem”, completou. Vizinha de Silvana, a pescadora Ivanilda Jesus Oliveira também se preocupa com o avanço do mar.

“A maré está vindo, destruindo tudo e ninguém está fazendo praticamente nada. A gente está correndo atrás, desde segunda-feira [2] que minha vizinha está indo atrás e não está conseguindo. Sempre falta material para poder vir resolver”, falou Ivanilda Jesus.

No distrito de Ponta da Tulha mais cenas de destruição causadas pela ressaca do mar. Assim como a casa de Silvana, algumas propriedades também tiveram os muros destruídos.

Em uma chácara que fica na região, rochas foram empilhadas pelo proprietário para formar uma barreira contra o mar. No entanto, segundo o caseiro Dalmir Bispo, que toma conta do imóvel, vai ser preciso colocar mais, porque as que estão no local foram cobertas por areia.

“Ali no vizinho já cavou por baixo. Aqui não derrubou porque o pessoal tem condição e colocou as pedras por conta própria, mas não é o certo. É uma situação de abandono”, falou Dalmir.

Em contato com a reportagem, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Ilhéus informou que a Secretaria de Infraestrutura está tentando resolver a situação da casa de Silvana. A administração não comentou sobre a situação em Ponta da Tulha. G1