Foto: Pablo Valadares/Câmara

A reunião conjunta de três comissões da Câmara – em que parlamentares ouviram explicações do ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre mensagens atribuídas a ele e divulgadas pelo site The Intercept – foi encerrada na noite de terça-feira (2) depois de uma confusão entre deputados.

O tumulto aconteceu após cerca de oito horas de reunião, depois que o deputado Glauber Braga (PSOL) ofendeu Moro. A fala de Braga gerou revolta de deputados que apoiam Sergio Moro. Parlamentares e assessores, então, cercaram a mesa da presidência da reunião.

Muitos deputados ainda estavam inscritos para fazer perguntas ao ministro da Justiça. Moro deixou o colegiado e se dirigiu a uma sala destinada à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A deputada Professora Marcivania (PCdoB), que presidia a sessão, encerrou os trabalhos.

Com a confusão em andamento, Marcivania ainda tentou retomar os trabalhos e recomeçar o interrogatório de Moro. No entanto, a deputada disse ter sido informada de que o ministro havia deixado o prédio do Congresso e desistiu da retomada dos trabalhos.

O deputado Filipe Barros (PSL) disse que Marcivania não tinha “pulso” para presidir a reunião. Antes de encerrar a reunião, Marcivania pediu que as ofensas a Moro fossem retiradas dos registros da reunião.

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL), disse que Moro só deixou o Congresso depois que Marcivania declarou os trabalhos encerrados. Segundo Francischini, uma reunião não pode ser retomada depois de encerrada.

Na avaliação do presidente da CCJ, a reunião foi encerrada porque Moro “foi desrespeitado por alguns poucos parlamentares”.

‘Malvados’ da Lava Jato

Na audiência na Câmara, o ministro Sergio Moro foi irônico ao comentar a possibilidade de anulação do processo que resultou na prisão do ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá (SP).

“Se ouve muito da anulação do processo do ex-presidente [Lula]. Tem que se perguntar realmente quem defende, então, Sergio Cabral, Eduardo Cunha, Renato Duque, todos esses ‘inocentes’ que teriam sido condenados segundo esse site de notícias”, ironizou Moro.

“Nós precisamos defensores também dessas pessoas, para defender que elas sejam colocadas imediatamente em liberdade já que foram condenados pelos malvados procuradores da Lava Jato ou desonestos policiais e [pelo] juiz parcial”, acrescentou o ex-juiz.

Moro também disse que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) embarcou no “sensacionalismo” das reportagens do The Intercept ao pedir o seu afastamento. Ele também afirmou ter a impressão que o apoio a ele cresceu depois da divulgação das mensagens, cuja a autenticidade ele não reconhece. G1