Jair Bolsonaro está na vida pública há 30 anos. Passou por diversos partidos, alguns bem conhecidos, que integraram bases governistas dos mais variados governos, como PP e PTB. Mas o capitão nunca foi da cúpula dessas legendas, tampouco ocupou posições de destaque em comissões temáticas da Câmara. Na prática, sempre esteve à margem do jogo político mais relevante dentro do Congresso Nacional.

 

Em 2018, filiou-se ao pequeno PSL, com o qual venceu a disputa presidencial, ajudando o partido a se tornar a segunda maior bancada de deputados federais na próxima legislatura. Bolsonaro ascendeu com um discurso antissistema, aproveitando-se da crise que atingiu líderes políticos tradicionais em meio aos escândalos da Operação Lava Jato.

 

Não teve seu nome envolvido em acusações e colocou a agenda de combate à corrupção como uma de suas prioridades. Agora, como presidente eleito, começa a lidar com a velha guarda de Brasília. Na quarta-feira (7), sinalizou interesse em fechar uma aliança com o MDB, um dos maiores partidos brasileiros, além de também ser um dos símbolos do fisiologismo político e de ter ainda alguns de seus líderes, incluindo o atual presidente Temer.

 

Bolsonaro também já disse que espera a colaboração de Temer com o que for possível. “É bem-vindo [um eventual ingresso do MDB no governo], é lógico que é bem-vindo. Nós estamos formando um ministério bastante técnico” Jair Bolsonaro presidente eleito. “Se for preciso, voltaremos a pedir ajuda a Temer. Porque tem muita coisa que continuará. O Brasil não pode se furtar do conhecimento daqueles que passaram pela Presidência” Jair Bolsonaro presidente eleito.

 

Nacionalmente, o MDB, que em meio à crise política tirou o “P” do nome, quase sempre está associado ao governo, ocupando cargos-chave na administração. Na Câmara dos Deputados, elegeu 34 parlamentares em 2018. É a quarta maior bancada da Casa. O partido perdeu três dezenas de cadeiras, uma queda que também foi registrada no Senado.

 

Mas ainda tem um peso político, especialmente num Congresso fragmentado, em que para obter maioria é necessário uma ampla composição com as mais diversas legendas. Os sinais de Bolsonaro com o MDB também foram reforçados a partir de declarações de um de seus filhos, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

 

Ele defendeu que Bolsonaro apoie um nome do MDB para concorrer à presidência do Senado. “O governo tem que conversar com todo mundo que foi eleito. Óbvio que a gente tem de buscar, dentro da possibilidade, qualquer pessoa que seja convergência dentro do Senado” Flávio Bolsonaro senador eleito.

 

Com o atual Congresso, Bolsonaro já amargou ao menos um revés. Na quarta-feira (7), horas depois de se dizer contrário ao aumento de salário de ministros do Supremo, o Senado aprovou o projeto. O presidente eleito também vem encontrando dificuldades de aprovar parte da reforma da Previdência ainda em 2018, antes mesmo de tomar posse. Informações do Nexo Jornal