As investigações sobre o financiamento de manifestações antidemocráticas encontraram mensagens em rede social do blogueiro Allan dos Santos, investigado no inquérito, para o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro. As mensagens obtidas pela Polícia Federal foram reveladas pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e confirmadas pela TV Globo.

A informação consta do depoimento do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, prestado no dia último dia 11 à PF. O Palácio do Planalto não quis se manifestar sobre as investigações. Segundo o depoimento, em 20 de abril, Allan dos Santos escreveu uma mensagem ao tenente-coronel sugerindo a necessidade de uma intervenção militar. A resposta foi: “Já te ligo”.

Questionado no depoimento, o ajudante de ordens disse, porém, acreditar que não fez a ligação. Em 31 de maio, em outra mensagem, o blogueiro enviou um link com reportagem sobre grupos denominados Antifas [antifascistas]. No dia seguinte, o declarante, ajudante de ordens do presidente, responde afirmando: “Grupos guerrilheiros terroristas, estamos voltando para 68, mas, agora, com apoio da mídia”.

Allan dos Santos afirma: “As FFAA [Forças Armadas] precisam entrar urgentemente”. O declarante responde: “Opa”. Indagado sobre o sentido da resposta (“Opa”) desse diálogo, respondeu que a expressão “Opa” não está relacionada com as mensagens anteriores, mas é apenas uma saudação, como “bom dia”.

Em outro trecho do depoimento, ao ser indagado sobre o chamado gabinete do ódio, o tenente-coronel Cid disse que “conhece esse termo pela mídia e afirma que esse gabinete do ódio não existe”. Sobre a opinião do declarante acerca da conduta de Allan dos Santos no contexto político, em relação às instituições do estado, respondeu que, “como jornalista, ele tem uma visão mais radical da conjuntura política brasileira”.

Em outro trecho do depoimento, a delegada pergunta ao ajudante de ordens se ele já manifestou a ideia de que as Forças Armadas são um poder moderador. Ele afirmou que não. O depoimento não permite inferir se o ajudante de ordens chegou a tomar providências a partir do recebimento das mensagens, mas que apenas informou ao presidente Bolsonaro de algumas das mensagens recebidas. G1