Dois caciques importantes da política baiana falaram sobre o adiamento da decisão do governador Rui Costa (PT) em escolher seu candidato a prefeito em Salvador. Jaques Wagner e Otto Alencar foram discretos nas críticas, porém admitiram que o retardo em fazer esse debate pode trazer consequências diretas na disputa pelo Palácio Thomé de Souza, dando vantagem ao grupo de ACM Neto. Ainda assim, não há qualquer mobilização para fazer as discussões acontecerem.

Rui Costa parece dar de ombros sobre qualquer conversa em relação ao que deve acontecer em Salvador nas eleições de 2020. A justificativa é estar focado na administração, o que não deixaria tempo livre para dialogar com as forças políticas. Foi um perfil que funcionou nas eleições de 2018, quando ele era candidatíssimo à reeleição e colocava as cartas da maneira que melhor lhe convinham. Agora, os apetites dos partidos aliados podem não ser tão facilmente saciados, visto que não faltam interesses de cada uma das siglas.

Essas “vontades” vão desde a demarcação de território até mesmo a formação das bancadas de vereadores. Sem coligação proporcional, quando mais cedo houver uma definição dos jogadores, mais fácil conseguir algum tipo de êxito. A referência a esportes coletivos, inclusive, vem sendo utilizada com frequência. Rui é tratado como técnico e, até o momento, tem se comportado como um “retranqueiro”, como se diz no futebol.

Enquanto a base aliada do governador segue em posição recuada, o grupo de ACM Neto tende a avançar, caso seja mantido o prazo para indicação do nome de Bruno Reis para a sucessão da prefeitura. O último registro público dado pelo prefeito foi que o anúncio deve acontecer no máximo no começo de janeiro, o que daria um espaço de tempo expressivo de vantagem para colocar a campanha na rua. A cada semana de atraso, mais sola de sapato terá que ser gasta em um curto tempo para conseguir um grau de competitividade relevante.

O governador, no entanto, não dá sinais de preocupação. O conselho político que, em teoria, discutiria questões como essa não tem previsão de se reunir. Pré-candidatos da base começam a pulular de várias vertentes, alguns com aval oficial dos dirigentes, a exemplo de Olívia Santana (PCdoB), Sargento Isidório (Avante), Niltinho (PP) e Bacelar (Pode), ou sem combinar com os russos, como Manassés (PSD).

E o PT, partido de Rui, sequer consegue encontrar unidade em torno de um nome, com um novo aparecendo por semana. Como disse Jaques Wagner, quem tem muito candidato não tem nenhum. Há um dito popular que também pode caber para o processo eleitoral da capital baiana em 2020, caso se confirme nas urnas o favoritismo que parece ter Bruno Reis: “Deus ajuda quem cedo madruga”. Por Fernando Duarte