O encontro dos caminhoneiros com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, na segunda-feira, 22, em Brasília foi regado a reclamações, ameaças e até choro. Em vídeos a que o Estado teve acesso, os representantes cobraram do ministro a aplicação do piso mínimo do frete e uma solução para os constantes aumentos do diesel.

Eles ouviram de Freitas que a variação do combustível não será mais problema quando os reajustes forem repassados de forma imediata para o piso, o que deve ocorrer em breve.

Na reunião, conturbada em alguns momentos, motoristas relataram ao ministro as dificuldades do dia a dia e os problemas financeiros decorrentes da falta de frete e dos “baixos valores pagos no mercado”.

Em determinado momento, um deles chegou a chorar ao dizer que não “estava cumprindo com suas obrigações em casa” por não conseguir pagar as contas em dia. E emendou: “Só quero dignidade para trabalhar”.

Com Wallace Landim, o Chorão, fora da reunião, os representantes fizeram questão de dizer que o governo está negociando com as pessoas erradas. “Chorão não nos representa. Ele é motorista de van, não de caminhão”, esbravejou um dos representantes, no vídeo.

Divisão
Nas últimas semanas, houve um racha entre os caminhoneiros. Uma parte acredita que a única forma de o governo ouvir suas queixas é fazendo uma nova paralisação. Nesse caso, a data marcada é dia 29 de abril. Do outro lado, estão aqueles que preferem aguardar mais um tempo e continuar negociando com o governo melhorias para os caminhoneiros.

Por trás da decisão, está a delicada situação financeira dos motoristas que estão endividados e não podem deixar de faturar neste momento. Outra explicação é que os caminhoneiros não querem atrapalhar o início de governo de Jair Bolsonaro (a maioria votou nele para presidente)

Uma greve atrasaria ainda mais a lenta recuperação econômica do País e prejudicaria ainda mais a categoria. A briga entre os dois grupos de caminhoneiros tem provocado uma série de ameaças, inclusive de morte, por meio de áudios e conversas de WhatsApp. (Informações do Estadão Conteúdo – Renée Pereira)