O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (9) que a Bahia vai adotar a dose fracionada da vacina contra a febre amarela em capanha a ser realizada em 8 municípios, de 19 de fevereiro, após o fim do carnaval, até 9 de março. A meta será imunizar 3,3 milhões de pessoas. O dia 24 de fevereiro será dia D de mobilização.

 

O mesmo procedimento será realizado nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A campanha, que terá duração de 15 dias, tem como meta vacinar 19,7 milhões de pessoas de 76 municípios dos três estados, sendo 15 milhões com a dose fracionada e outras 4,7 milhões com a dose padrão.

 

Na Bahia, 2,5 milhões de pessoas serão vacinadas com a dose fracionada e 813 mil com a dose padrão. Os municípios baianos que receberão a vacinação são: Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Candeal, Itaparica, Mata de São João, São Francisco do Conde e Vera Cruz. Para a campanha de fracionamento da vacina de febre amarela, o Ministério da Saúde informou que vai repassar aos estados 15 milhões de doses fracionadas e 4,7 milhões de doses padrão.

 

A adoção do fracionamento das vacinas, conforme o Ministério da Saúde, é uma medida preventiva que será implementada em áreas selecionadas, durante período determinado de 15 dias, pelos estados para evitar a circulação e expansão da doença. Com a estratégia do fracionamento, uma dose que antes era aplicada em uma só pessoa será destinada para quatro.

 

Segundo o Ministério da Saúde, uma mesma dose poderia servir para até cinco pessoas — mas o governo irá trabalhar com uma “margem de segurança”. A decisão tem por base testes da Fiocruz que indicaram que uma dose de 0,1ml (a dose padrão é de 0,5 ml) garante a imunidade por oito anos. O ministério informa também que a dose fracionada não será destinada a todos.

 

Crianças de 9 meses a até 2 anos, pessoas com condições clínicas específicas (como pacientes com HIV/Aids), gestantes e viajantes internacionais vão continuar tomando a dose padrão. A vacinação fracionada é recomendada para pessoas a partir dos dois anos de idade. O público vacinado com a dose fracionada da vacina de febre amarela deverá retornar aos serviços de saúde após oito anos para receber uma dose de reforço.

 

A vacina é contraindicada para pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e pessoas com reação alérgica grave à proteína do ovo. A vacinação contra febre amarela impede a doação de sangue por um período de quatro semanas. As pessoas devem realizar a doação de sangue antes da vacinação para manutenção dos estoques de hemocomponentes.

 

Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a dose padrão será mantida para pessoas que já possuem dificuldade de desenvolver resposta imunológica à vacina com dose de 0,5 ml. A divisão de uma mesma dose já vem sendo estudada há algum tempo pelo Ministério da Saúde, que chegou a cogitar o fracionamento em março do ano passado.

 

Agora, com a divulgação de mais casos e mortes em São Paulo, a pasta decidiu adotar a divisão para garantir a imunização. Ao todo, 11 casos foram confirmados desde julho de 2017: SP (8), RJ (1), MG (1) e DF (1). O ministério informa ainda que 92 casos de febre amarela estão em investigação e 278 foram descartados. Em animais, 358 casos foram confirmados.

 

As vacinas serão fornecidas e produzidas por Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz, mesma instituição que fez testes com a vacina fracionada que demonstraram sua eficácia. É a primeira vez que a divisão da vacina é feita no Brasil — antes, o método havia sido usado na África em 2016, também com fornecimento da Fiocruz.

 

Em janeiro, os estados e municípios irão treinar os profissionais de saúde e adequar a logística para realização do fracionamento. Para isso, o Ministério da Saúde deve repassar aos estados R$ 54 milhões do Piso Variável de Vigilância em Saúde, recurso extra para auxiliar os estados na realização da campanha.

 

Desse total, já foram repassados R$ 15,8 milhões para São Paulo e, até o fim deste mês, serão destinados R$ 30 milhões para o Rio de Janeiro e R$ 8,2 milhões para a Bahia, conforme o órgão. A febre amarela é transmitida por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.