(Foto: Paula Fróes/CORREIO)

Se a eleição deste ano fosse hoje, a Bahia teria 476.494 eleitores a menos que na eleição de 2020. Naquele ano, eram 10.893.320 aptos a votarem. Este ano, até abril, eram 10.416.826 títulos registrados, uma queda de 4,4%. Os dados são do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Os baianos tiveram até esta quarta-feira (4) para tirar, atualizar e regularizar o título de eleitor e, assim, poderem votar nas eleições deste ano.

Com os números de abril, a Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Vale ressaltar que, se comparado com as eleições de 2018, a última para presidente, houve um aumento de 0,23% no número de títulos (eram 10.393.166 em outubro, mês das eleições). Historicamente, é nos anos de eleições municipais que o TRE registra mais títulos.

Para o Secretário de Planejamento, Estratégia e Eleições do TRE-BA, Victor Xavier, a queda em relação a 2020 pode ser explicada pela pandemia. Naquele ano, existiam mais aptos a votarem, mas muita gente deixou de ir às urnas por causa da covid-19. Na Bahia, a abstenção foi de 20%. Em Salvador, de 26,46%, a maior das últimas duas décadas, considerando apenas as eleições municipais.

“Com a pandemia, uma parcela de eleitores não foi votar na eleição de 2020, contribuindo para o cancelamento de títulos. Mas, no final de março, o TSE perdoou esses eleitores que não votaram e nem justificaram em 2020, então isso deve impactar nos dados aí até o fechamento do cadastro. Esperamos que, com isso, os números de eleitores aptos voltem ao patamar da última eleição”, diz o secretário.

A faixa etária que mais perdeu eleitores é a superior a 79 anos, com 45% de queda. Para os cidadãos a partir de 70 anos, o voto não é obrigatório. A segunda maior queda está na faixa de 25 a 34 anos: 8% a menos, de 2.281.184, em 2020, para 2.100.752, em 2022. Confira no final da reportagem os percentuais de todas as faixas etárias.

Victor Xavier acrescenta na justifica da queda o desencanto da população pela política e pelo processo eleitoral. “Imaginamos que as pessoas se desencantam com o processo político, perdem a vontade de se manifestar nas urnas. Mas defendemos que esse não é o caminho. O caminho correto para um país que quer ser democrático é a participação popular, o comparecimento às urnas”, coloca.

Número de eleitores entre 16 e 17 anos cresce na Bahia

Na contramão do número geral de eleitores aptos a votar, a faixa etária de 16 a 17 anos, que não é obrigada a comparecer às urnas, cresceu. De novembro de 2020 (mês das eleições) para abril de 2022, o crescimento foi discreto, de 0,4%, passando de 122.279 para 122.744. Mas, se considerados os dados de outubro de 2018 (quando ocorreram as últimas eleições presidenciais), o aumento é de 17,3%.

Outro dado positivo é que, de janeiro a abril de 2022, o número de novos títulos gerados para eleitores dessa faixa etária saltou de 55.810 para 122.744, um aumento de 120%. Mas, segundo dados do IBGE de 2019 (os mais recentes para estimativa populacional), os jovens entre 16 a 17 anos com título de eleitor somam ainda somente 25% do total de baianos nessa faixa etária (488 mil).

O aumento é resultado de intensa campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de famosos através das redes sociais. Uma das campanhas foi a Seu Voto Importa, conduzida pela organização global Girl Up, voltada à igualdade de gênero e associada à Organização das Nações Unidas (ONU), que contou com representantes na Bahia.

Em Alagoinhas, um grupo de cinco meninas se reuniu para sair às ruas incentivando os jovens de 16 a 17 anos a tirarem o título de eleitor. Uma das integrantes é Carla Iasmin Queiroz, de 18 anos. Ela conta que fizeram panfletagem nas ruas e foram até três escolas da cidade para conversar com alunos e tirar o título deles através da internet. O grupo conseguiu alcançar 500 jovens e tirou cerca de 40 títulos. Carla Iasmin diz que percebeu um grande interesse dos jovens pela política e conta o que a mobiliza.

“É importante que a gente se envolva na política para conquistarmos as nossas demandas. Se a gente quer que algo mude, precisamos fazer alguma coisa. Os jovens têm demandas específicas, como a preocupação com o meio ambiente e com a preparação para o mercado de trabalho. É preciso que estejamos mobilizados e também representados na política para que a nossa voz seja ouvida”, diz a jovem. Correio da Bahia