Ex-presidente do PSL e outrora braço direito do agora presidente Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno rompeu o silêncio após ter sido o primeiro a cair no governo do capitão reformado. Em entrevista ao Valor Econômico, o advogado afirmou nunca ter sido um “bolsominion”, termo designado aos fãs incondicionais do atual presidente.

Bebianno fez questão de se diferenciar dos correligionários raivosos do presidente, muito ativos na internet. “Não sou fanático por nada. O problema é que hoje o Jair só tem lugar no coração para esses apoiadores incondicionais. Um presidente, como pai, tem que ter lugar no coração para todos”, lamentou.

Demitido 48 dias após a posse de Bolsonaro, Bebianno faz questão de ressaltar seu papel na campanha vitoriosa do capitão e deixa claro o quão próximo era do agora presidente. “Eu conheço Bolsonaro. Éramos íntimos de sentar de cueca para conversar na beira da cama”, diz em referência aos longos diálogos que tinha com o presidente em hotéis durante a campanha eleitoral.

Após polêmica envolvendo um suposto “Laranjal do PSL” ganhar forças nas redes sociais, o então presidente do partido perdeu o cargo. Meses depois, Bebianno ainda não parece engolir a decisão de Jair Bolsonaro e aponta que o presidente teria sido influenciado por outras pessoas. “Foi uma traição, sem razão e mesquinha”, comenta.

Apesar da aparente mágoa com a decisão de Bolsonaro e dos conflitos do passado com Carlos, filho do presidente e vereador pelo Rio de Janeiro, o advogado ainda acredita no sucesso do governo que, em sua visão, tem uma “boa equipe”. No entanto, Bebianno adverte que o presidente não deve ir de encontro com as instituições da República.

“Bolsonaro não tem respaldo das Forças Armadas para confrontar outros Poderes”, garante. Interessado em seguir na política, Bebianno diz que não está procurando uma vaga para concorrer nas próximas eleições, mas deixa claro que não negaria uma tentativa de ser Prefeito do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. “Surgindo uma oportunidade, vou agarrar”.