Foto Jornal A Tarde

Uma vez suspenso por causa da emergência sanitária causada pelo novo coronavírus, o futebol brasileiro deveria aproveitar o momento para adequar seu calendário ao padrão europeu? Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, defende que não.

O dirigente participou do podcast Dinheiro em jogo desta semana. Ele explicou a situação financeira do clube em meio à crise, desde a possibilidade de suspensão de receitas até a renegociação com jogadores para repactuar salários e férias.

– Seria bom para o Brasil se a gente conseguisse ter um calendário equivalente ao europeu. Conceitualmente, é muito bom. Qual é o problema? Se isso for feito nas circunstâncias atuais, pode ter certeza que os clubes quebram absolutamente este ano. Isso seria feito sem o mínimo de planejamento de médio prazo. Isso para ser feito tem que ser programado com dois ou três anos de antecedência – diz Bellintani.

O maior problema, segundo o dirigente, seria a readequação das contas dos clubes. Custos foram montados com base em um exercício que começa em janeiro e termina em dezembro.

Num cenário em que o Campeonato Brasileiro começa em agosto e termina apenas em maio de 2021, emissoras de televisão e patrocinadores postergariam grande parte dos pagamentos, enquanto o clube manteria as suas responsabilidades com jogadores e funcionários.

– Como é que faz isso sem planejamento? É impossível, eu diria, ajustar esse ano, salve se houver uma repactuação econômica que dê aos clubes a capacidade de se planejar e se preparar. Todos os clubes estão imbuídos para manter o formato, pontos corridos, quando der para começar com segurança sanitária.

– Pensar em mudar calendário agora me parece ação absolutamente desproporcional, e fruto do acaso, não de um planejamento. Seria um falso modernismo. Uma modernidade que se tenta atingir, mas de maneira forçada e sem planejamento. E aí não adianta. Cai por terra e perde a oportunidade que talvez daqui a dois anos possa vir fruto de um planejamento. Globoesporte