Pela segunda vez na gestão de Guilherme Bellintani, o comando técnico do elenco profissional do Bahia trocará de mãos. Contratado em junho de 2018 para substituir Guto Ferreira, Enderson Moreira foi demitido na noite do último domingo. Na tarde desta segunda-feira, o presidente tricolor conversou com o GloboEsporte.com e explicou os motivos para o desligamento do treinador. A eliminação na primeira fase da Copa do Nordeste, após derrota fora de casa para o Sampaio Corrêa, teve grande peso na decisão e se juntou a mais uma decepção de um início de temporada em que as competições prioritárias ficaram para trás.

– A razão principal [da demissão] é a questão dos resultados. Tivemos dois resultados de saída precoce de competições. Copa Sul-Americana e Copa do Nordeste. Infelizmente, futebol ainda é regido por resultados dentro de campo. Por mais que a gente tente resistir a isso, às vezes a gente não consegue. Então, apesar de avaliar o trabalho dele como muito positivo, pessoa extremamente séria, dedicada ao clube, com bom entrosamento e afinidade com os atletas, minha avaliação é positiva. Ele não conseguiu repetir, neste início de ano, o trabalho bem-sucedido que fez no ano passado. Chega uma hora em que o clima e a pressão tornam a permanência insustentável – explicou Bellintani ao GloboEsporte.com.

Enderson esteve perto da demissão há cerca de vinte dias, quando o Bahia foi derrotado pelo Sergipe na Arena Fonte Nova. A diretoria optou por manter o treinador no cargo, e o Tricolor engatou uma sequência de quatro triunfos seguidos, além de ter garantido vaga na final do Campeonato Baiano. O desempenho contra o Sampaio Corrêa e a consequente eliminação na Copa do Nordeste recolocaram a cabeça do treinador a prêmio. E desta vez, não houve escapatória.

Enderson Moreira deixou o Bahia com 48% de aproveitamento — Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia
Enderson Moreira deixou o Bahia com 48% de aproveitamento — Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia

– O que mudou foi a eliminação na Copa do Nordeste. Pessoalmente, sempre acreditei que conseguiríamos superar após o Sergipe. Vencemos, de fato, quatro jogos consecutivos. Fizemos 13 gols, não tomamos nenhum em quatro partidas. Infelizmente, na quinta partida veio um resultado que a gente dependia muito, que era aguardado pela torcida, que era a classificação para a Copa do Nordeste. Como o resultado não veio, a eliminação aprofundou a ausência de resultados e gerou a decisão pela demissão.

Enderson esteve à frente do Bahia em 59 jogos: 38 no ano passado e 21 neste ano. O aproveitamento é de 48%: 22 triunfos, 19 empates e 18 derrotas. Apesar da demissão, Guilherme Bellintani tem uma boa avaliação do trabalho feito pelo treinador. Segundo o presidente, os resultados não vieram no primeiro semestre, mas não se pode culpar exclusivamente o que foi feito no comando técnico.

– Futebol tem várias circunstâncias. Habitualmente, pelo senso comum, todas as circunstâncias são traduzidas no trabalho do treinador, na competência ou não do treinador. Eu divirjo muito disso. Acho que [Enderson] é um treinador competente, que mostrou isso no ano passado, certamente para onde for fará um bom trabalho. Diversas circunstâncias nesse início de temporada levaram à ausência de resultados. Cito algumas delas, como o excesso de jogos. A gente nunca jogou tanto no começo de temporada. Fomos o clube do Brasil que mais jogou no primeiro trimestre. Muito jogo para início de temporada, começo de formação de time. O Bahia foi o time que mais jogou, e isso reflete. Mudanças do elenco em comparação ao ano passado e, às vezes, a própria necessidade de encaixe do estilo de jogo. Quando tem mudanças significativas no elenco, o encaixe demora mais para chegar. Isso é comum no futebol, mas quase sempre passa despercebido, é colocado em segundo plano. Quase sempre esses motivos são concentrados na competência do treinador. A gente lamenta isso. Mas faz parte das circunstâncias do futebol. Vamos trabalhar para dar tudo certo.

A busca por um substituto

A demissão de Enderson iniciou uma série de especulações. Nomes como os de Dorival Júnior, Tiago Larghi e Roger Machado surgem como candidatos em potencial ao cargo de novo treinador tricolor. Bellintani adianta que ainda não fez qualquer proposta. Ele esteve em reuniões com o diretor de futebol, Diego Cerri, para traçar um plano e elencar quais as possibilidades que o clube tem à disposição no mercado.

– Não [há uma definição]. Desde ontem à noite, após a conversa com Enderson, começamos a definir um perfil e traçar opções do mercado. Estamos nessa fase para, a partir da disponibilidade, começar a fazer convites. Mas, por enquanto, ainda não. Nenhum convite foi feito por enquanto.

O presidente do Bahia conta que não estabeleceu um perfil fixo de profissional para substituir Enderson Moreira. Alguns nomes de características diferentes foram levantados, e as exigências são entender a dimensão do Bahia e ter uma filosofia de jogo que combine com o que o elenco tricolor oferece.

– Na verdade, temos trabalhado com nomes com trabalhos sérios, que possam aproveitar o melhor possível elenco de que o Bahia dispõe. Não quero falar de um perfil exato, porque os técnicos possuem perfis diferentes e não quer dizer que só um perfil se encaixa no Bahia neste momento. São treinadores sérios, que tenham histórico de bons trabalhos e disponibilidade para entender a grandeza do Bahia e importância do clube. Não adianta ser sério, ter bons trabalhos e não entender a grandeza do clube (…). Acho que o mercado dispõe de vários nomes. Não consigo dizer nenhum nome específico, não fizemos convites, não sei da disponibilidade de nenhum treinador. Em alguns dias conseguiremos ter isso com mais clareza, com muito cuidado, como a gente sempre faz.

Cláudio Prates comanda o Bahia interinamente na partida contra o CRB — Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia
Cláudio Prates comanda o Bahia interinamente na partida contra o CRB — Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia

A tendência, portanto, é que o Bahia entre em campo contra o CRB, nesta terça-feira, pela terceira fase da Copa do Brasil, ainda sem um substituto definido para a vaga deixada por Enderson Moreira. O auxiliar-técnico fixo do clube, Cláudio Prates, comanda a equipe de forma interina na partida.

Informações do Globoesporte Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia