EC Bahia

Nesta última quarta-feira, durante apresentação de Eduardo Freeland, novo diretor de futebol do Bahia, o presidente Guilherme Bellintani assumiu o microfone da sala de imprensa da Cidade Tricolor e respondeu a perguntas sobre diversos assuntos. Ele falou sobre SAF, dívidas, impeachment e também avaliou o trabalho do técnico Guto Ferreira.

Bellintani revelou que o Bahia está perto de fechar um acordo com o banco Opportunity para amenizar uma dívida do clube, que é cobrada em R$ 100 milhões na justiça pela instituição financeira. De acordo com o presidente do Tricolor, se o acordo for fechado, o valor final da dívida deve cair em até 70%.

– Estamos muito perto de fechar um acordo, que será analisado pelo Conselho Deliberativo. Vamos mandar em breve. O acordo não vai equacionar, mas talvez com desconto de 60 a 70% do valor da dívida ao longo de sete anos – explicou Bellintani.

O presidente do Bahia também falou sobre o assunto “impeachment”, que passou a movimentar alguns grupos de torcedores depois que os resultados em campo deixaram de agradar. “Eu vi o Bahia numa luta profunda pela democracia. Profunda. E eu participei dessa luta em 2013”, afirmou Bellintani.

– Eu podia, pela substância jurídica do pleito [de impeachment], até simplesmente desconsiderar. Porque não tem fundamento jurídico nenhum. Mas eu fiquei chocado com a visão que as pessoas têm, algumas pessoas, da democracia do clube. Engraçado, quando a gente olha a experiência do futebol brasileiro e a gente vê os clubes que trocaram de presidentes a partir das crises. Foram para onde? Estão onde hoje? A gente tem um exemplo aqui do lado, o nosso rival, Vitória, que teve, salvo engano, cinco presidentes em dois ou três anos, não sei. E foi para onde? O Sport, nosso coirmão aqui do Nordeste, passou e ainda passa por isso. Renúncia, impeachment. Isso é uma resposta vazia para um grande desafio que nós temos que é de enfrentar crise. Então, o meu papel nessa história é de, primeiro, resguardar o estatuto do clube – concluiu o presidente.

Quando o assunto mudou para o campo e bola, o presidente avaliou o cenário de crise e fez cobranças ao técnico Guto Ferreira, que constantemente tem cobrado reforços da diretoria. Depois do rebaixamento para a Série B em 2021, o Bahia começa 2022 com risco de cair precocemente no Campeonato Baiano e na Copa do Nordeste.

– Por isso que eu digo que Guto, que já mostrou a capacidade que tem em vários momentos… Por exemplo, ficou sete jogos sem tomar gols na Série A do ano passado. Ele tem uma missão, e sabe disso, está aqui pela competência dele, tem uma missão de, por exemplo, arrumar um pouco mais para que a gente não tome gol, como tomamos três gol do Sport naquele momento com tanta facilidade. Os atletas também têm a necessidade de se doar um pouquinho mais. Dentro do clube, cada um do staff tem uma missão de melhorar, seja o ambiente, que já é bom, mas precisamos melhorar, ou de melhorar o seu trabalho propriamente dito – afirmou Bellintani.

– Futebol muda muito de circunstância de semana para semana. O que eu posso te responder é com análise que temos feito. Se nós tivéssemos um treinador aqui, hoje, e ele fosse demitido, nós procuraríamos Guto Ferreira para assumir o Bahia. Dito isso, preciso sempre considerar isso para qualquer decisão que eu tome. Porque, se ele é um cara especialista em Série B, além de ser um treinador de nível Série A, conhece a história do clube, temos uma relação de profundo respeito, um trabalho que a gente vê acontecendo. Qualquer pensamento de desligamento de um treinador, eu tenho que pensar quem eu traria no lugar. Eu traria Guto Ferreira se eu demitisse um treinador do Bahia hoje. Então isso passa sempre pela minha cabeça – completou o presidente.

Outro assunto abordado durante a entrevista foi a contratação do atacante Marcelo Cirino, que chegou ao clube em setembro do ano passado, quando assinou contrato válido até o fim de 2023, depois de rescindir com o Chongqing Dangdai, da China. Ele passou o restante da temporada em recuperação de lesão e, em 2022, fez oito jogos e marcou dois gols com a camisa tricolor.

Na última semana, após o ataque ao ônibus do Bahia, o jogador pediu para deixar o clube. Bellintani explicou que Cirino pediu para sair alegando problemas familiares e falta de clima para permanecer.

– Surgiu o fato da bomba, misturado também com um problema familiar que ele teve no mesmo final de semana. Cirino nos procurou e disse que não tinha mais clima para ficar no Bahia, não queria mais ficar. “Não quero mais ficar, e você tinha dito, no começo do ano, que só ficaria no Bahia quem quisesse ficar no Bahia”. Eu disse isso a todos os atletas no primeiro dia aqui em 2022. Ele me procurou de maneira muito civilizada. “Eu preciso voltar ao Paraná, que é onde minha família está”. Ele tem família no Paraná.

“Vou tentar jogar lá, e eu queria abrir mão de tudo que eu tenho do Bahia, do passado. O Bahia não me pagará mais nada. E o Bahia me libera para voltar a procurar um clube na região do Paraná e, de certa forma, tentar recuperar meu bom futebol”, teria dito Cirino, conforme relato do presidente tricolor. Bellintani admitiu que a contratação foi um erro, mas avaliou que seria uma falha ainda maior manter o atleta no plantel a contragosto. “A saída dele abre caminho para outros”, analisou.

– Eu olho no olho das pessoas. Eu acredito que tem horas em que você tem que dizer o seguinte: perdemos algum dinheiro, erramos, mas qualquer coisa diferente do que eu fiz a partir dali seria um novo erro. Seu falasse “Cirino, você é obrigado a ficar, porque o seu contrato está vigente”. Ia ficar um jogo de desinteresse das duas partes e que, hoje, no momento em que a gente está, eu estou muito mais pensando em não cometer novos erros do que ficar preso a erros do passado, virar a página, limpar o ambiente. Se não quer ficar aqui, vai. Eu também não posso pagar mais nada, porque o clube não pode ter um prejuízo maior do que já teve. E o que a gente gastaria com ele numa folha abre espaço para trazer atletas que talvez tenham mais intensidade e desejo de estar aqui. A saída dele abre caminho para outros – finalizou. (Globoesporte)