Imagine a seguinte cena: hora do rush, 18h, vários veículos deixando os locais de trabalho ao mesmo tempo e todos com o mesmo objetivo: voltar para casa. O problema é que como todos tiveram a ideia ao mesmo tempo, e as ruas e avenidas das grandes cidades comportam cada vez menos o número crescente de veículos motorizados, o trânsito acaba dando um verdadeiro nó, gerando problemas não apenas para o ser humano, mas também para o meio ambiente.

Aqui em Salvador, de acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade contava com 915.186 veículos, sendo quase 600 mil desse total, automóveis (65%). De 2009 pra cá, houve um aumento de mais de 53% da frota na capital baiana, assim como no número de automóveis: 39% nos últimos 10 anos.

Neste sentido, chama a atenção uma iniciativa criada na França em 1997 e que, mais de 20 anos depois, se espalhou pelo mundo, incluindo o Brasil: o Dia Mundial sem Carro, celebrado sempre no dia 22 de setembro de cada ano – neste, será um domingo. O objetivo é do estimular uma reflexão sobre o uso excessivo do automóvel e que as pessoas experimentem, ao menos neste dia, em específico, formas alternativas de mobilidade, a exemplo do transporte público ou a utilização das bicicletas.

Neste último caso, Salvador tem mostrando avanços quando o assunto é a utilização ou suporte para o uso da “magrela”, como também é conhecido este meio de transporte. De acordo a Prefeitura, a cidade possui quase 250 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas espalhadas em diversas partes do município como nas Avenidas Magalhães Neto, Paralela e Suburbana, além do Corredor da Vitória e regiões da orla.

E, para estimular ainda mais essa atitude entre os moradores e visitantes, existe o projeto Salvador Vai de Bike, que conta, atualmente, com 50 estações, 400 bicicletas e mais de 230 mil pessoas cadastradas. O projeto é coordenada pela Empresa Salvador Turismo (Saltur), em parceria com o banco Itaú.

Neste domingo, como forma de lembrar a data aqui na capital, acontece o Pedal Tour, evento promovido pela Prefeitura por meio da Saltur e do Movimento Salvador Vai de Bike. Tanto a partida quanto a chegada serão na Avenida da França, no Comércio. O principal objetivo desta pedalada é o de promover o cicloturismo, oferecendo aos participantes um pedal educativo na capital baiana, onde poderão conhecer a história da cidade, interagir com as pessoas e fotografar as belezas naturais.

Já na semana que vem, no dia 29, ocorre o Encontro Cicloturístico da Primavera. Os participantes sairão da Praça Wilson Lins, no bairro da Pituba, e percorrerão 39 km passando por diversos pontos da cidade como os bairros do Comércio, Barra, Ondina, Rio Vermelho, Pelourinho, entre outros. O evento será promovido pelo programa Salvador Vai de Bike e faz parte das ações do Festival da Primavera.

BENEFÍCIOS

Já conforme especialistas, a utilização desta como meio de transporte traz diversos benefícios à saúde física e mental. A possibilidade de ir pedalando até o trabalho já considerado um bom exercício, ajudando na perda de peso e melhorando a respiração e a circulação sanguínea. Além disso, quem usa a bicicleta evita os congestionamentos que se formam nos horários de pico das grandes cidades.

“Eu sempre andei de bicicleta. Mas, há cinco anos, eu a uso para tudo, desde ir ao médico, ao supermercado e até para viajar. Eu tenho mais disposição e acordo cedo. Eu vejo a cidade de outro jeito. O que acho ruim, por outro lado, é a falta de respeito por parte dos motoristas com relação àqueles que pedalam, não respeitando as leis. Acho que deveria haver uma campanha de educação no trânsito para eles”, explicou Lúcia Saraiva, coordenadora do grupo Amigos de Bike.

Por: Yuri Abreu/TribunadaBahia