(Foto: Isac Nobrega/PR)

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, relembrou sua passagem pelo ministério e comentou tópicos de seu livro “Um Paciente Chamado Brasil: Os Bastidores da Luta contra o Coronavírus”.

Um dos trechos mais polêmicos da obra é quando Mandetta afirma que no início da pandemia Bolsonaro estava absolutamente convencido de que o coronavírus era uma conspiração e uma arma biológica chinesa para levar a esquerda de volta ao poder na América Latina. “Como é que você rebateu essa sandice?”, questionou o apresentador Pedro Bial.

“Tem coisas que você não rebate. Você olha e fala: ‘Até que se prove isso, vamos tratar dos fatos, vamos tratar da vida como ela é, vamos enfrentar o problema e depois a gente vê as teorias conspiratórias que são muito comuns’. A gente não deve embarcar nessas teorias”, respondeu o ex-ministro.

Na entrevista Mandetta também disse que alertou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a possibilidade do Brasil atingir o número de 180 mil óbitos causados pela covid-19, mas recebeu uma reação “negacionista e raivosa” do governante.

“Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas para ele [Bolsonaro] eu mostrei, entreguei por escrito, para que ele pudesse saber da responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar”, revelou.

Segundo ele, Bolsonaro negou a gravidade da situação logo no início, chegando a ficar com raiva do Ministério da Saúde. “Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa. Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde.”, relatou.

Após o presidente passar pela negação e pela ira, ele entrou na fase do apelo a algo sobrenatural. “Ele se apegou àquela cantilena de pessoas que vão ao seu redor e começam a falar o que ele queria escutar”, disse ele no programa.

“Me lembro de uma pessoa da saúde pública, um ex-parlamentar, que falava que só iria ter três mil óbitos e duraria só quatro semanas. Daí veio a história da cloroquina e foi uma válvula de escape para ele [Bolsonaro]. Foi do tipo ‘eu tiro e coloco isso no lugar'”, completou.