Agência Brasil

A forte reação ao discurso de Jair Bolsonaro em reunião com embaixadores, quando o presidente atacou o sistema eleitoral brasileiro, mostrou que esse tipo de comportamento, se for repetido, pode levá-lo a perder a eleição. A avaliação é de aliados e assessores do presidente.

A equipe de Bolsonaro foi surpreendida pela torrente de críticas à atitude do presidente. O que mais impressionou o entorno dele foi que as reações não ficaram restritas ao dia seguinte ao encontro, mas continuam reverberando. Um exemplo é a carta em defesa da democracia assinada por juristas, empresários e juristas, que deve ser lançada em ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo no dia 11 de agosto.

Ou seja, a reunião gerou entre segmentos da população um sentimento de “basta e repúdio”, na visão de assessores presidenciais,.

“Ele cruzou a linha do aceitável, apesar dos conselhos para não se comportar dessa forma, e acabou reunindo vários grupos contra ele. E, se ficar repetindo esse tipo de comportamento a partir de agora, vai gerar um movimento de união contra ele ainda no primeiro turno, despertando o voto útil que pode levar a uma vitória de Lula”, disse ao blog um aliado do presidente Bolsonaro dentro do Centrão.

Projeções eleitorais

No momento, segundo interlocutores de Bolsonaro, o cenário mais provável é que haja segundo turno. Eles esperam que o presidente cresça nas próximas pesquisas de intenção de voto, em razão do pagamento de novos benefícios sociais aprovados recentemente pelo Congresso.

Mas esses interlocutores alertam que o presidente não pode “atrapalhar” o próprio desempenho, gerando notícia negativa nas próximas semanas.

Um aliado diz, inclusive, que Bolsonaro pode se transformar no principal responsável por uma eventual derrota, caso insista numa agenda repudiada pela maioria da população, que é dos ataques às urnas eletrônicas e à Justiça Eleitoral.

“Esperamos que a reação ao erro de se reunir com embaixadores tenha servido de exemplo e alerta para o presidente”, conclui um interlocutor de Bolsonaro. Por Valdo Cruz/G1