Carolina Antunes/PR

Durante entrevista na tarde desta quarta-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, e outros integrantes do primeiro escalão do governo usaram máscaras de proteção. Médicos infectologistas analisaram o uso e apontaram erros no procedimento, e além disso, recomendaram que uso seja feito apenas por pacientes que apresentam os sintomas ou profissionais de saúde em atendimento.

O ministro da Saúde justificou o uso devido ao contato recente do grupo com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que apresentou teste positivo para a doença.

“Nós estamos nos comportando como profissionais da saúde. Nós temos uma cadeia de comando de todos os ministérios. Faz parte proteger. O uso não faz nada contra o que é recomendado. Estivemos com o nosso querido general Heleno. Ele tem sido talvez o grande elo, todos nós estamos preocupados”, disse o ministro Mandetta.

O infectologista Caio Rosenthal diz que a finalidade do uso da máscara “é proteger outras pessoas”. Os médicos, segundo ele, devem usar uma máscara do tipo N95, que garante a proteção durante o procedimento necessário. Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), também tem as mesmas recomendações.

“Existem grupos específicos que podem utilizar a máscaras. Os médicos por exemplo, que realizam o atendimento de um paciente usam uma máscara N95. Fora dessa situações, os pacientes utilizam máscara simples”, disse Otsuka.

“Quem está doente ou quem tem alguma manifestação respiratória deve utilizar a máscara como uma medida protetiva para proteger as outras pessoas não infectadas. Elas só devem ser utilizadas para quem manifesta os sintomas, até para impedir que o paciente transmita a doença para outras pessoas”.

Se uma pessoa apresenta os sintomas, também deve estar em isolamento e usar o equipamento de proteção apenas se precisar sair em casos de urgência. A distância mínima entre pessoas no mesmo ambiente deve ser de 1 metro, de acordo com os infectologistas.

“Quando você faz um diagnóstico, a pessoa precisa ficar isolada pelo período de até 14 dias. Mas o período crítico se apresenta somente até o sétimo ou nono dia. Em qualquer caso, se teve contato com o vírus, mantenho elas isoladas para não contaminarem outras pessoas, quantos menos contatos você tem com outras pessoas menor as chances de você transmitir”, completou Otsuka.

Uso correto

Durante a coletiva de imprensa, Jair Bolsonaro chegou a retirar a máscara e colocar novamente. De acordo com o infectologista Alexandre Naime, chefe do departamento de infectologia da Unesp e membro da SBI, o equipamento precisa ser utilizado de forma contínua e ser trocado a cada duas horas.

“Não teria sentido nenhum eu usar a máscara e na hora de eu falar eu tirar. Aí é que eu teria, se eu estivesse infectado, transmitido o vírus das outras pessoas”, disse. Além disso, a médica Tania Vergara, da Sociedade de Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, também apontou erros.

“A máscara precisa ser utilizada para cobrir o nariz e a boca para evitar o risco de transmissão. Não adianta você utilizar sem necessidade e ainda assim ficar tirando e colocando para falar, sendo que sua mão toca várias superfícies aumentando o risco de contaminação. Outra coisa é deixar a máscara pendurada no rosto, isso não tem eficiência”. G1