O presidente Jair Bolsonaro ironizou, nesta última quinta-feira 12, a decisão da CPI da Covid de recomendar o seu indiciamento pelos crimes de curandeirismo, charlatanismo e divulgação de propaganda enganosa. A sugestão constará do relatório que será produzido ao fim dos trabalhos e encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF). Em entrevista à rádio Jovem Pan, de Maringá (PR), o presidente afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito não achou nada de grave contra ele e por isso o acusa desses crimes.
“Como a CPI não tem do que me acusar vão me denunciar por charlatanismo e curandeirismo”, afirmou Bolsonaro rindo com os jornalistas. Na entrevista, Bolsonaro aproveitou para defender o seu líder do governo, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que é ex-prefeito de Maringá, cidade sede da emissora com quem conversava. Barros será ouvido nesta quinta pela CPI. O presidente negou que tenha dito ao deputado federal Luís Miranda que as irregularidades apontadas pelo deputado seriam ‘rolo’ de Barros e disse ter ‘quase certeza’ da inocência do seu aliado.
“Não digo que tenho certeza, mas tenho convicção pelo que conheço Ricardo Barros que, nesse caso em específico da vacina, em que a CPI me acusa de ter corrupção sem ter comprado uma dose e desembolsado um real, eu acho que ele vai ser sair bem lá”, declarou o presidente. O mandatário usou o tempo para reafirmar que não deve cessar a defesa do voto impresso, derrotado na Câmara. Bolsonaro, no entanto, admitiu diminuir a ofensiva no tema. “Vou continuar minha luta, mas com menos pressão é lógico”, declarou. A afirmação foi repetida mais de uma vez durante a entrevista.
Minutos depois, porém, voltou a alardear no mesmo tom habitual as suspeitas de fraudes nas urnas eletrônicas. Novamente, o presidente admitiu não ter provas das suas afirmações e confirmou não saber se é verdadeira a história do ‘desvio de 12 milhões de votos’, que alardeia diariamente. Na conversa, Bolsonaro afirmou também que não iria mais ‘atacar a honra de ninguém’ para defender suas bandeiras. Mas, segundos depois, passou a ofender novamente o ministro Luís Roberto Barroso e o acusou com as mesmas mentiras sobre pautas ‘imorais’ que seriam defendidas pelo ministro.