O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e líder da oposição, Juan Guaidó, se declarou nesta quarta-feira (23) presidente interino do país e foi reconhecido pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, entre outros. “O Brasil reconhece o Senhor Juan Guaidó como Presidente Encarregado da Venezuela”, disse o Itamaraty, em nota, acrescentando que “apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem” ao país vizinho.

“O presidente Nicolás Maduro reagiu e negou deixar o poder. “Aqui não se rende ninguém, aqui não foge ninguém. Aqui vamos à carga. Aqui vamos ao combate. E aqui vamos à vitória da paz, da vida, da democracia”, disse em discurso na capital. Maduro voltou a acusar os EUA de liderarem complô contra o regime chavista e anunciou.

“Temos denunciado o governo imperialista dos EUA que dirigem uma operação para impor um golpe de estado na Venezuela. Pretendem eleger e designar o presidente da Venezuela por vias não constitucionais”, acusou. “Pode um ‘qualquer’ se declarar presidente ou é o povo que elege o presidente?”, questionou Maduro.

Declaração de Guaidó
“Na condição de presidente da Assembleia Nacional, ante Deus, a Venezuela, em respeito a meus colegas deputados, juro assumir formalmente as competências do executivo nacional como presidente interino da Venezuela. Para conseguir o fim da usurpação, um governo de transição e ter eleições livres”, disse Guaidó com a Constituição na mão e diante dos manifestantes.

A declaração aconteceu durante manifestação de opositores ao governo de Nicolás Maduro em Caracas. Chavistas também saíram às ruas para manifestar apoio a Maduro. Maduro tomou posse de seu segundo mandato presidencial no último dia 10. Poucos dias depois, a Assembleia Nacional o declarou um “usurpador” do cargo de presidente. Em seguida, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ, que é governista) considerou “nulos” todos os atos aprovados pelo Parlamento.

A oposição venezuelana e diversos países – entre eles Brasil, Estados Unidos, Canadá e os membros do Grupo de Lima – não reconhecem a legitimidade do novo mandato de Maduro, que vai até 2025. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também declarou, no dia da posse, que não reconhece mais o governo bolivariano. Na madrugada desta quarta, horas antes das manifestações programadas, foram registrados protestos em 63 pontos de Caracas. Quatro pessoas morreram. G1 Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters