Foto: Lucas Figueiredo/ CBF

O maior clássico do futebol sul-americano terá seu 106º duelo na noite desta terça-feira (2). Mas não será uma partida qualquer. Brasil e Argentina se enfrentam pela semifinal da Copa América, no Mineirão, a partir das 21h30min, com uma missão idêntica — ainda que por motivos diferentes: avançar à final e buscar o título.

Para a Seleção Brasileira, vale uma certa tranquilidade para Tite, a taça conquistada dentro de casa e a retomada da hegemonia continental, enquanto para os hermanos seria o primeiro triunfo da equipe principal depois de 26 anos, quando a Argentina derrotou o México e levantou o caneco da Copa América 1993.

Desde então, enquanto o Brasil conquistou duas Copas do Mundo (1994 e 2002), quatro Copas das Confederações (1997, 2005, 2009 e 2013) e quatro Copas América (1997, 1999, 2004 e 2007), a Argentina amargou quatro vice-campeonatos do torneio continental (2004, 2007, 2015 e 2016), um vice da Copa das Confederações (2015) e um vice do Mundial (2014). De título, apenas os Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, com suas seleções sub-23.

Assim, o jogo desta noite representa muito. A final da Copa América de 2004, inclusive, segue na lembrança dos argentinos. Até hoje eles não sabem explicar o que houve naquele 25 de julho, no Estádio Nacional, em Lima, no Peru.

— Foi um dia muito triste, porque estávamos tão próximos do título. Até hoje não entendemos como aquela final escapou das nossas mãos — lamenta o atacante César Delgado, que marcou um dos gols no empate em 2 a 2 no tempo normal.

Para quem não se recorda, esse foi o jogo em que Adriano igualou o marcador aos 48 minutos do segundo tempo. Antes disso, a seleção do técnico Marcelo Bielsa abriu o placar com Kily González, de pênalti, e o Brasil de Carlos Alberto Parreira empatou com Luisão, ainda no primeiro tempo.

Delgado saiu do banco de reservas e colocou a Argentina em vantagem, aos 42 minutos da etapa final. Ali, os hermanos imaginaram que o título estava nas mãos, mas o “Imperador” acertou um foguete para o gol já nos acréscimos e empatou a partida, que foi para os pênaltis.

Nas cobranças, os brasileiros Adriano, Edu, Diego e Juan marcaram, assim como os argentinos Gonzáles e Sorín. O problema foi que D’Alessandro e Heinze desperdiçaram suas cobranças.

— Eles foram superiores a nós durante o jogo em termos de posse de bola. Eles fizeram 2 a 1 no final do tempo regulamentar. Aí passaram a tentar deixar a bola longe do gol deles. Roubamos a última bola e levantamos para a área. Na disputa, Adriano finalizou e fez o 2 a 2, levando o jogo para os pênaltis — descreve o meia Alex, capitão do time naquela oportunidade.

— Aquele gol alterou o jogo. Fomos com o moral em alta e acabamos campeões nas penalidades — completa o camisa 10.

Três anos depois, novamente Brasil e Argentina decidiram o torneio. Desta vez, a Seleção de Dunga venceu de forma bem menos dramática, por 3 a 0, com gols de Júlio Baptista, Ayala (contra) e Daniel Alves. Aliás, o lateral-direito é o único remanescente no time brasileiro daquela conquista, a última do Brasil na Copa América.

Do outro lado, estará em campo hoje apenas Messi dos atletas argentinos que atuaram em 2007. À época com 20 anos, ele não conseguiu ser protagonista naquele time.

Nesta Copa América, também não se viu ainda o Messi do Barcelona, que inúmeras vezes carrega a equipe nas costas. Para Delgado, o craque não deve carregar essa responsabilidade.

— É o momento de a Argentina se superar. É preciso que todos apareçam e tenham o compromisso de dar o seu melhor pela equipe — destaca o atacante de 37 anos, que hoje atua no Central Córdoba, da Segunda Divisão Argentina.

Para evitar nova derrota, “El Chelito”, como é conhecido Delgado, acredita que a seleção nacional precisa fazer um jogo sem erros:

— A Argentina tem que jogar concentrada. Mas tenho confiança de que a equipe vai crescer nesse momento decisivo.

Do lado brasileiro, Alex entende que o time de Tite é favorito, tanto por jogar em casa quanto pelo trabalho consolidado há mais tempo. Para repetir os resultados de 2004 e 2007, o ex-meio-campista diz que só há duas formas de o Brasil ser derrotado:

— Desatenção na bola parada e Messi.

Sobre o craque argentino, ele ressalta:

— Se ele tirar um coelho da cartola, podem nos vencer. Caso contrário, somos melhores hoje.

O certo é que o Brasil quer repetir as finais da década passada, enquanto a Argentina busca se recuperar das derrotas recentes e dar mais um passo para tentar conquistar o primeiro título de Messi com a camisa azul e branca.

O que vai ocorrer, só saberemos à noite. Mas os brasileiros esperam que venha a 42ª vitória do time canarinho, e não a 39º derrota diante dos hermanos. O que ninguém quer é o 27º empate, que pode levar a decisão para a loteria dos pênaltis. Informações do Gauchazh