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Um estudo da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia notou que quase mil crianças e adolescentes vítimas de trabalho escravo foram resgatadas nos últimos 15 anos. “Uma menina de 3 anos de idade trabalhando numa casa de farinha. Quando chegamos lá, ela tinha uma mandioca na mão e uma faca na outra, e a chupeta na boca. Que futuro essa criança pode ter?”

Esse é o relato do Procurador Geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, no lançamento do Observatório da Prevenção e Erradicação do Trabalho infantil no Brasil, sobre o resgate de uma criança em situação de trabalho escravo no interior de Pernambuco.

Os números indicam que 2 milhões e 400 mil crianças e adolescentes estão em situação de trabalho infantil no país, 83% dos casos estão na faixa etária de 14 a 17 anos. Mas os registros indicam que, entre as vítimas, há pelo menos 79 mil crianças entre 5 a 9 anos, segundo a Agência Brasil.

O observatório mostra ainda que nos últimos 11 anos foram notificados 300 mil acidentes de trabalho entre crianças e adolescentes até 17 anos. Nesse período houve quarenta e duas mortes. A coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente, Patrícia de Mello Sanfelici, alerta que os números devem ser ainda maiores porque muitos casos não são levados às autoridades.

A ferramenta inédita criada pelo Ministério Público do Trabalho permite cruzar os dados oficiais produzidos por diversos órgãos. Para o diretor do Escritório da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, Martin Hahn, o lançamento do Observatório é importante para o país cumprir a meta de acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas até 2025. Meta que está na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável assinada pelo Brasil.