As unidades de terapia intensiva (UTI) no Brasil voltadas para o tratamento de pacientes com Covid estão mais cheias, segundo informações do boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para acompanhamento da pandemia. Nas duas últimas semanas, os pesquisadores da fundação apontam para um “aumento importante” no número de casos conhecidos de Covid – média de 49 mil por dia, quantidade de infecções seis vezes maior do que o observado no início de dezembro do ano passado. Entretanto, a publicação indica que, graças à vacinação, as mortes não têm acompanhado o aumento de casos.

Ao analisar os dados referentes às duas duas últimas semanas, os técnicos identificaram que cinco estados que estavam fora da considerada “zona de alerta” passaram à condição de “zona de alerta intermediário”, com taxas de internação iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%. Outros seis estados, na semana passada, já estavam nessa zona. Também existem quatro localidades em zona de alerta crítico. A piora na situação em leitos de UTI também foi constatada em levantamento.

Reflexos de ataque ‘hacker’

A Fiocruz também relatou que os sistemas de informática do Ministério da Saúde, onde os dados são consultados, ainda estão inconsistentes após o “apagão” decorrente de um “ataque hacker”. Isso está associado, segundo a fundação, a prováveis “dificuldades de consolidação das bases de dados no período de indisponibilidade dos sistemas de informação”. Para os pesquisadores do boletim, a instabilidade dos dados disponíveis de casos leves, óbitos e cobertura vacinal ainda causa preocupação.

As taxas de internação em UTIs por capitais:

  • Fortaleza (85%) – zona de alerta crítico
  • Recife (80%) – zona de alerta crítico
  • Belo Horizonte (88%) – zona de alerta crítico
  • Rio de Janeiro (95%)– zona de alerta crítico
  • Cuiabá (100%) – zona de alerta crítico
  • Porto Velho (66%) – zona de alerta intermediário
  • Manaus (77%) – zona de alerta intermediário
  • Boa Vista (60%) – zona de alerta intermediário
  • Palmas (69%) – zona de alerta intermediário
  • São Luís (68%) – zona de alerta intermediário
  • Teresina (66%) – zona de alerta intermediário
  • Salvador (65%) – zona de alerta intermediário
  • Vitória (78%) – zona de alerta intermediário
  • Curitiba (61%) – zona de alerta intermediário
  • Campo Grande (77%) – zona de alerta intermediário
  • Goiânia (77%) – zona de alerta intermediário
  • Brasília (74%) – zona de alerta intermediário.

No caso da cidade do Rio de Janeiro, a Fiocruz destaca que a taxa apresentada não inclui no denominador leitos impedidos/bloqueados, o que fez aumentar o resultado.

Aumento acelerado de casos

Mesmo considerando que parte dos casos novos conhecidos se referem a registros que ficaram retidos nos sistemas (e-SUS-Notifica e Sivep-Gripe), os pesquisadores destacam que o “predomínio da variante Ômicon mostra uma evidente tendência de aumento da transmissão da doença”. Para eles, a tendência de aumento acelerado do número de casos já havia sido observada na Europa e mais recentemente na América do Sul, principalmente na Argentina e no Uruguai.

O estudo também evidencia que houve um aumento em mortes, com média de 130 óbitos diários nas duas primeiras semanas epidemiológicas de 2022. Segundo os técnicos, a redução da gravidade dos casos de Covid se deve à alta cobertura da vacinação alcançada por esses países, incluindo o Brasil.

Em países com baixa cobertura de vacinação, como alguns da Europa Oriental e do Oriente Médio, a letalidade alta continua. Para os pesquisadores, Isso mostra que a variante ômicron pode, em contextos de baixa cobertura vacinal, causar um aumento de quadros clínicos graves e levar à morte grande parte dos infectados. G1