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As empresas e fundações Ambev, Americanas, Itaú Unibanco (Todos pela Saúde), Stone, Instituto Votorantim, Fundação Lemann, Fundação Brava e a Behring Family Foundation anunciaram que vão equipar e financiar toda a infraestrutura de uma fábrica para produção de vacina contra a covid-19. O equipamento, que será montado em São Paulo, será doado à Fiocruz e tem capacidade para produção de 30 milhões de doses por mês.

A fábrica deve ser entregue em dezembro. No primeiro momento, o local vai envazar a vacina produzida pela Universidade de Oxford, junto ao laboratório farmacêutico britânico AstraZeneca. A partir de março, a produção deve ser própria.

De acordo com informações divulgadas pela Ambev, inicialmente será construído um laboratório de controle de qualidade, para a realização dos testes desde a primeira fase de incorporação do imunizante pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos /Fiocruz), que consiste no recebimento de 100 milhões de doses do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para processamento final (formulação, envase, rotulagem e embalagem), dentro de um acordo de encomenda tecnológica respaldado pelo governo.

A vacina desenvolvida por Oxford se encontra na fase III de testes no Brasil e outros países, como África do Sul, UK e EUA. A expectativa é de que esta vacina tenha a submissão do seu dossiê de registro à agência regulatória nacional ainda neste ano. A partir desse deferimento, as doses produzidas serão disponibilizadas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI)/ Ministério da Saúde, para imunização da população de acordo com a sua estratégia.

Além disso, o grupo anunciou que vai investir em adequações do parque fabril de Bio-Manguinhos/Fiocruz, assim como na aquisição dos equipamentos necessários à absorção total da tecnologia para produção do IFA. A previsão é que a infraestrutura esteja pronta até o começo de 2021.

Quando concluídos todos os investimentos, Bio-Manguinhos/Fiocruz terá também capacidade para produzir outras vacinas no futuro, incluindo outros tipos contra a covid-19 que sejam aprovados. A unidade produtora será um legado do grupo de empresas e fundações para a sociedade civil e as comunidades científica e médica, que terão acesso a uma infraestrutura que pode acelerar a solução para doenças futuras.

A preparação destas instalações fabris terá um custo de cerca de R$ 100 milhões, recurso viabilizado pela coalizão formada pelas empresas e fundações, responsáveis por 100% desses investimentos, incluindo todos os equipamentos laboratoriais e industriais de ponta necessários à sua operação.

A Ambev será corresponsável, junto com a Fiocruz, pela gestão e execução do projeto, sob supervisão técnica de Bio-Manguinhos/Fiocruz. O escritório Barbosa, Mussnich e Aragão Advogados atuará como consultor jurídico do projeto, pró bono. Um comitê composto por todas as empresas e fundações será formado para acompanhar o andamento das obras e aquisições dos equipamentos.

Parte dos integrantes da coalizão também apoiará a construção de uma fábrica similar no Instituto Butantan, em São Paulo. As duas iniciativas, que unem esforços dos setores público e privado, lideradas por brasileiros de ponta a ponta, trarão ao Brasil uma autonomia inédita para o abastecimento de vacinas contra a covid-19, e serão também as primeiras fábricas capazes de produzir este tipo de vacina na América do Sul.