O Brasil é o país em que as mudanças nos hábitos de consumo durante a pandemia da covid-19 mais impactou no aumento de gastos das famílias. Essa é a conclusão de um estudo feito pelo economista e professor da Universidade de Harvard Alberto Cavallo. Cavallo comparou a inflação causada especificamente pelas consequências da pandemia com a variação registrada pelos índices de preços ao consumidor de cada país. Os dados analisados se referem ao mês de maio.

Segundo a análise, o Brasil tem a maior disparidade entre o que Cavallo chamou de “inflação covid” e o índice nacional oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). A diferença no acumulado dos 2 índices acumulados em 12 meses foi de 0,88%. Segundo o estudo, o Brasil é seguido de Uruguai e Estados Unidos, ambos com 0,82%.

Depois, Coreia do Sul (0,49%), Chile (0,37%), França (0,33%), Colômbia (0,25%), Canadá (0,22%) e Turquia (0,17%). “Na maioria desses países a maior taxa de ‘inflação covid’ é impulsionada por um aumento nos gastos em ‘Alimentos e Bebidas’, que passa por mais inflação, e queda em ‘Transporte’, que está tendo uma deflação significativa”, disse o economista.

“O Brasil está no topo porque a divergência nessas duas taxas de inflação setorial tem sido mais persistente desde que a pandemia teve início.” O economista continua coletando os dados e divulgando na página do projeto “Inflação covid“. Em junho, último mês com resultados disponíveis, o Brasil mantinha a primeira posição, com variação de 0,9%.

Pesquisa feita pelo PoderData, , divisão de estudos estatísticos do Poder360, de 14 a 16 de setembro, mostra que praticamente 7 a cada 10 brasileiros deixaram de pagar alguma conta no último mês por causa da pandemia. A inadimplência cresceu 7 pontos percentuais em relação ao último levantamento, realizado de 31 de agosto a 2 de setembro. A proporção de pessoas que estão com os boletos em dia caiu 8 pontos percentuais – passaram de 36% para 28%.