Jair Bolsonaro (PL) foi forçado a ir ao debate entre os presidenciáveis, capitaneado pela TV Band, quando Lula (PT) confirmou sua presença. Se o atual presidente não fosse, avaliam ambos os lados, passaria a imagem de que “fugiu” ou que foi “covarde”. Então, ele confirmou e foi à Band.

Só que, ao confirmar presença para debater com os demais candidatos à Presidência, Bolsonaro saiu do cercadinho em que fala com apoiadores – onde está acostumado a não ser confrontado, vai lá para pautar, pintar e bordar.

Desde o início do debate, Bolsonaro tinha uma única missão: colar o tema corrupção em Lula. O foco era conseguir recortes de frases de efeito para as redes sociais e TV – nesta segunda-feira (29), o QG da reeleição dispara trechos em que o presidente chama Lula de “ex-presidiário”.

Bolsonaro seguia à risca o roteiro: escolheu corrupção como primeira pergunta direta para Lula – que não o confrontou. O QG bolsonarista comemorou.

Mas, no meio do caminho do roteiro, Bolsonaro frustrou o próprio QG. Em momento de descontrole, atacou a jornalista do jornal O Globo, Vera Magalhães. Os apoiadores tentaram minimizar nos bastidores, mas grupos que acompanhavam o debate foram categóricos: mulheres reprovaram o ataque.

A partir disso, aguardavam Bolsonaro achar uma brecha para retomar o controle do tema corrupção. Mas o estrago já estava feito: “gol contra” de Bolsonaro, avaliaram assessores, que “salvou” Lula no debate ao dar munição justamente no ponto fraco de Bolsonaro: o eleitorado feminino.

Na visão de alguns aliados, Bolsonaro fez mais por Lula do que o próprio Lula. No QG bolsonarista, como a única meta no JN era que o presidente não se “descontrolasse” e “se levantasse no meio” para ir embora, se sentiram seguros para a fase 2: martelar o tema corrupção.

Mas Bolsonaro tinha outros planos e perdeu a linha com a pergunta de Vera. Depois disso, passou a citar Michelle Bolsonaro como trunfo quando confrontado sobre o tema mulheres. Andreia SadiG1