O número de candidaturas a vereador pelo DEM teve um salto de quase 40% na Bahia entre as eleições de 2016 e a deste ano. Para o presidente nacional do partido, o prefeito ACM Neto, esse aumento não é acaso, é parte de um projeto de expansão da legenda. Hoje, ela ocupa o comando da Câmara de Deputados e do Senado. Ao mesmo tempo, os institutos de pesquisa apontam para a vitória do candidato democrata a prefeito de Salvador, Bruno Reis, mantendo o poder na quarta maior capital do país.
Maior partido de oposição no estado, o DEM saltou de 2.045 candidaturas — no geral, entre vereadores e prefeitos — em 2016, para 2.805 em 2020. Ou seja, 760 a mais. Há dois anos à frente da direção nacional, Neto diz que esse trabalho visa ampliar as bases.
“Contando com Salvador, nosso grupo político, que não é formado só pelo Democratas, tem boas chances. Quando se soma o eleitorado das cidades que a gente pode ganhar, é uma vitória majoritária do número de habitantes que serão governados por partidos aliados. Isso foi planejado. Claro, o objetivo é ganhar a eleição, e nós estamos trabalhando para isso, mas a gente já teve uma primeira vitória, que é entrar na disputa desses grandes centros, isso nos concede um palanque forte. Ganhando ou perdendo, a gente já tem palanques fortes para 2022, que é nosso objetivo”, acrescenta ACM Neto.
Guarda-chuva: candidatos se abrigam no partido
Cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Fábio Dantas enxerga que o DEM vem mesmo crescendo de 2016 para cá e, mais recentemente, esse movimento de arrancada pode ter a ver com a mudança da legislação que colocou um fim às coligações partidárias para vereador e deputado. Muitos candidatos de partidos pequenos correram para se abrigar em partidos maiores para melhorar suas chances na disputa e o DEM tem sido um dos mais procurados, aponta ele.
“É um sinal, mas também pode não significar nada. Só vamos ter confirmação, o resultado disso, no dia 15 de novembro, mas, sim, há aí um horizonte de crescimento pelo fato de o DEM ter criado uma perspectiva de poder que não existia. O partido se consolidou como uma referência de oposição ao governo estadual no campo político, é referência de oposição para muitos”, diz.
Resultado dos EUA: Moderação
Para Dantas, o resultado da eleição americana, com a vitória de Joe Biden, fortalecerá no mundo todo ainda mais as lideranças políticas que assumirem uma atitude moderada. E, na visão dele, o DEM é um dos partidos que tem se posicionado nessa direção.
O que se viu em Salvador, nesta pandemia, com a parceria entre ACM Neto e o governador Rui Costa no combate à nova doença demonstrou que ambos protagonizaram uma “política pública de alto nível, o que revela sinais positivos na política”, defende o cientista político. “Não acho que o DEM está sozinho nesse novo momento, ele está incluído num quadro que tenderá à moderação na política, vejo que estão apostando nisso com Neto dirigindo o partido”, completa .
Figuras como Rodrigo Maia, presidente da Câmara, ACM Neto e Luiz Henrique Mandetta, observa ele, representam uma renovação na política não só com relação ao passado do partido Democrata, ex-PFL, mas também por respeitarem o processo democrático, estando politicamente distantes da extrema-direita que assumiu o governo.
“Do ponto de vista da posição política, o que vejo recentemente, e arrisco dizer, é que o DEM está caminhando mais para o centro do que se mantendo na centro-direita. A gente identifica isso aqui em Salvador, há um certo cuidado com as questões sociais que não são próprias de partido direita, que costumam cuidar dessas questões, mas de uma forma mais subordinada às questões econômicas”, avalia. (Correio da Bahia)