Outrora crítico contundente da imunização, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador e segundo filho de Jair Bolsonaro (PL), deu aval à mudança de discurso do pai a respeito da vacinação contra a Covid-19. Essa decisão vem após o entorno do presidente constatar que a rejeição tem relação direta com seus posicionamentos a respeito da vacina –cuja eficácia já está amplamente comprovada na comunidade científica.

Mais recentemente, a mudança no discurso do governo e de Carlos, responsável redes do pai durante as campanhas, tem sido no sentido de não questionar mais eficácia da vacina, mas ressaltar que as doses foram compradas pelo governo federal e dizer que não há obrigatoriedade. Em 2022, Carlos ainda não criticou a vacina em suas redes. Em uma publicação recente, de um vídeo de uma fala sua na Câmara Municipal, ele diz:

“Eu gostaria de perguntar a alguns seres humanos que me antecederam [na sessão] quem foi que comprou 400 milhões de doses de vacina para o Brasil? Foi o ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva ou foi o presidente Jair Bolsonaro? […] Quem foi que destinou os bilhões de reais para estados e municípios combaterem a Covid ao longo dessa pandemia? Como é que uma pessoa pega e tem a cara de pau de dizer que o presidente Bolsonaro é isso e aquilo o tempo inteiro, com provocação e sem nenhuma objetividade, presidente?”, ironiza.

Em janeiro do ano passado, o filho do presidente compartilhava em seu canal de Telegram vídeo em que o presidente falava para apoiadores não desistirem do chamado “tratamento precoce” e comparava a eficácia da Coronavac a jogar uma moedinha para cima. Assim como o chefe do Executivo, ele teve postura negacionista durante a pandemia da Covid-19, defendeu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada e não há relatos de que tenha se vacinado, diferente dos irmãos e de Michelle Bolsonaro.

O vereador chegou a apresentar um projeto contra o passaporte da vacina na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, mas foi derrotado. O decreto do prefeito Eduardo Paes (PSD), que ele queria derrubar, prevê a comprovação de vacinação para entrada em diversos lugares, como locais turísticos. Segundo auxiliares do presidente, levantamentos indicando o desgaste de Bolsonaro por seus discursos foram apresentados ao clã, inclusive a Carlos Bolsonaro, que já trabalha para amenizar as consequências de seu negacionismo.