Foto: Carlos Moura/SCO/STF

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o encontro realizado no apartamento da ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, nesta sexta-feira (28), após se ver em meio a um debate sobre descriminalização do aborto. “Acabou a reunião”, disse, entre risos, enquanto se despedia dos presentes.

Conforme publicou Mônica Bergamo, colunista do Folha de São Paulo, o tema foi discutido em um encontro promovido por Suplicy com cerca de 30 líderes políticas, ativistas, personalidades, intelectuais e escritoras com o objetivo de elaborar uma carta aberta à nação e estimular a inclusão de propostas para as mulheres nas campanhas à Presidência.

De acordo com fontes ouvidas pela colunista, após discursar por meia hora sobre o combate à violência contra a mulher e almoçar, a magistrada se acomodou em uma cadeira ao lado de Marta, mas sua presença durou pouco.

A ministra teria se oposto ao uso da palavra ‘aborto’ na suposta carta. Ainda conforme publicou a Folha, Cármen Lúcia chegou a propor que, em vez dessa abordagem, o documento mencionasse a necessidade de criação de uma secretaria de mulheres e pedisse um orçamento destinado a políticas que passassem por “questões da mulher”.

“Meninas, eu espero que vocês consigam chegar a algum [interrompe]. Eu tenho que ir embora para o meu voo”, disse a magistrada, levantando-se da mesa. Questionada se estava indo embora por causa do voo ou do tema aborto, Cármen Lúcia desconversou e depois disse: “Isso aí causa muita polêmica”.

Depois que a ministra do STF deixou o local, Marta concordou que a carta deveria ser mais cautelosa. Algumas participantes se decepcionaram com a mudança no rumo do debate, mas a maioria concordou que não era hora de “ir com os dois pés na porta”, nas palavras de uma delas. A versão final da carta, antecipada pela coluna, recebeu uma menção à “manutenção e expansão dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”.