Foto: Joílson César / Ag. Haack / Bahia Notícias

O debate sobre o adiamento do Carnaval 2021 lembra um bumerangue. É um assunto que vai e volta no noticiário, sempre com um viés alarmista de que Salvador não pode ficar sem a Folia de Momo. A festa é uma poderosa injeção de recursos na economia local e funciona como uma potência geradora de emprego e renda, mesmo que temporários. Por isso, há toda uma tensão em torno da possibilidade de não acontecer. E não será surpresa se o Carnaval 2021 passar despercebido no calendário mundial.

Pelo calendário cristão, a Folia de Momo deveria acontecer entre os dias 12 e 16 de fevereiro do próximo ano. Com uma dose extra de otimismo, uma vacina poderia estar aprovada para ser aplicada na população. Pena que, por mais otimista que o mundo seja, sabemos que é inviável imunizar os milhões de pessoas que frequentariam o Carnaval de Salvador caso não houvesse o risco de contaminação com o novo coronavírus. Por isso, há indícios de que a festa pode realmente não acontecer no primeiro semestre de 2021. Porém quem bebe numa fonte de esperança não descarta que aconteça em julho, por exemplo.

Essa seria uma das apostas dos gestores das principais cidades com Carnaval do Brasil. Salvador é uma delas. Mas isso não quer dizer que o prefeito ACM Neto tenha batido o martelo sobre a data. É provável que ele esteja inclinado a fazer, até porque há muito dinheiro envolvido na festa e, como empresário, ele conhece do “riscado”. Mas o otimismo que permeia quem acredita numa vacina distribuída de forma equânime no curto prazo não parece atingir em cheio o prefeito soteropolitano. Corretíssimo. Principalmente em um contexto de diversos questionamentos após o país seguir com a festa deste ano.

Para quem depende do mercado do Carnaval para sobreviver ao longo do ano, é impossível pensar no cancelamento da festa. Mesmo o adiamento, citado como opção provável, vai diminuir muito a circulação de dinheiro. Por mais que seja uma perspectiva ruim, o cancelamento dos festejos juninos foi um exemplo de que, doa a dor que for, ninguém morre se abrirmos mão de uma folia. Cabe à sociedade se preparar para evitar que toda a cadeia produtiva do Carnaval quebre. A do São João, por pouco, não chegou lá. Por Fernando Duarte Bahia Notícias