Preso sob a suspeita de descartar dos corpos de Bruno e Yan Barros, mortos após furtarem carne no supermercado Atakarejo, em Salvador, o jovem Michel da Silva Lins, 21 anos, foi solto na noite desta última quarta-feira (14) após ter a prisão temporária revogada. A informação foi confirmada pela família. Os familiares e amigos do motoboy fizeram dois protestos contra a prisão dele.

O motivo da prisão é que a moto de Michel foi flagrada em imagens pela polícia. No entanto, segundo Yngrid Freitas, esposa de Michel, no dia do crime, o motoboy teria emprestado o veículo a um conhecido, já que estava de folga do trabalho. O homem, também motoboy, teria transportado o passageiro envolvido nas execuções de Bruno e Yan, e não Michel. O motoboy ficaria preso por 30 dias, para investigação.

“O próprio menino que pegou a moto já foi dar depoimento à polícia, a tia do menino Yan está com a gente na manifestação, ela mora aqui na rua e conhece Michel desde pequeno e ela sabe que ele não se envolve com tráfico. Quem mais quer justiça são as famílias de Yan e Bruno. Se Michel realmente fosse culpado ou se ela tivesse alguma dúvida, ela não estaria defendendo ele”, afirmou Yngrid, quando ele foi preso.

Júri popular
Os 13 denunciados pelo Ministério Público da Bahia pela morte de tio e sobrinho entregues para traficantes por funcionários do Atakarejo podem ir a júri popular, segundo a promotora de Justiça Ana Rita Cerqueira Nascimento, que falou nesta terça-feira (13) sobre a denúncia do órgão contra os envolvidos no caso. “Todos vão responder no tribunal do júri e, sim, no júri popular”, diz. A decisão é da Justiça, mas o MP irá trabalhar para que isso aconteça, afirma. Bruno Barros da Silva e Yan Barros da Silva foram mortos no último dia 26 de abril.

Ela falou sobre o inquérito policial, que indiciava 23 envolvidos, mas só 13 foram denunciados pelo MP. “O trabalho feito pela polícia, muito bom, traz os fatos. Indícios de autoria e materialidades de todos eles (indiciados), que deveriam estar presentes no momento dos fatos. Quando eu ofereço a denúncia eu preciso individualizar condutas. Preciso dizer exatamente qual a ação de cada um naquele evento criminoso”, explica a promotora. “Tenho que dizer o que cada um fez e nesse caso eu consigo individualizar a princípio para 13 deles. Por isso, dos 23 foram 13 (denunciados)”.

Entre os 13, estão três funcionários do Atakarejo. Agnaldo Santos de Assis, Claudio Reis Novais e Cristiano Rebouças Simões. A promotora explica porque cada um deles vai responder à ação penal. “O Agnaldo, gerente geral da loja, tinha hierarquicamente o poder de decisão. Cabia e ele fazer a coisa mais certa e mínima: chamamento policial. Não há chamado quando os jovens são detidos”, diz.

A falta de ação em chamar a polícia é apontada também como responsabilidade de outro funcionário, enquanto o terceiro é acusado de envolvimento na extorsão antes da morte de tio e sobrinho. “Ele (Cláudio) era o encarregado de prevenção de perdas. Cabia a ele esse poder decisório de agir com o que é o normal, o certo, o feito em qualquer empresa. E o Cristino porque nas imagens fica claro que ele é quem toma o celular de Bruno, quando ele está sendo levado para uma salinha”, diz. “Tempos depois, Bruno tem esse aparelho de volta e liga para a amiga dizendo que precisa de R$ 700 para que se pague a mercadoria, que não foi furtada, porque não saiu da loja. Houve uma tentativa de furto. Aí ele entra na extorsão e na deliberação de também participar”, acrescenta.

Operação Retomada
No dia 1º de julho, um traficante de drogas, foragido da Operação Retomada, que investiga as mortes de Bruno e Yan, foi morto durante um confronto com a polícia na noite desta quinta-feira (1º), na localidade da Chapada do Rio Vermelho. De acordo com informações, o suspeito que, segundo uma fonte da polícia se trata de Matheus Santana de Assis, 25 anos, teria sido localizado pelos policiais e iniciado o confronto que terminou com a sua morte. (Correio da Bahia)