A delegada Bianca Torres, que investiga o caso da médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, que caiu do 5º andar de um prédio no bairro de Armação, em Salvador, na madrugada do dia 20 de julho, pediu a prorrogação do inquérito à Justiça. Um mês após o incidente, nesta sexta-feira (21), Sáttia segue internada em um hospital da capital e companheiro dela, suspeito do crime, está solto.

Bianca Torres é titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas e responsável pela investigação. A delegada contou que Sáttia saiu do coma induzido e prestou depoimento na quinta (20), no hospital. Ela disse que o trauma afetou a memória recente da médica.

“Eu, como autoridade policial, e à frente às investigações, solicitei prorrogação de caso do inquérito policial ao Poder Judiciário, visto se tratar de um caso complexo. Eu já ouvi a vítima. Graças a Deus ela acordou e está consciente, mas em decorrência do trauma que ela sofreu, comprometeu a memória recente dela”, contou a delegada.

Ainda de acordo com a titular da Deam, a polícia aguarda os laudos de perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT), para seguir as investigações do inquérito.

“O DPT ainda está se empenhando para concluir e encaminhar os laudos por mim solicitados. Então, a Polícia Civil continua as investigações e estamos agora no aguardo dos laudos do local do crime, o apartamento onde ocorreu o fato, e também dos aparelhos celulares por mim solicitados. Quando concluirmos o inquérito, iremos encaminhar ao Poder Judiciário”, disse a delegada.

Na quinta-feira (20), Sáttia Lorena completou um mês internada. Ela estava hospitalizada no Hospital Geral do Estado (HGE) e foi transferida para outra unidade de saúde na última semana.

Investigação

O caso aconteceu na madrugada do dia 20 de julho, após uma discussão do casal. A principal suspeita é de que Sáttia tenha sido empurrada do prédio pelo companheiro dela, que também é médico. Rodolfo Cordeiro Lucas chegou a ser preso em flagrante por tentativa de feminicídio, mas teve a prisão revogada no dia 27 de julho.

Em depoimento na Delegacia de Atendimento Especial à Mulher, o médico Rodolfo Lucas negou que tenha jogado Sáttia do apartamento e disse que a médica se dopava e estava depressiva, versão negada pela família dela. Ele disse à polícia que a médica se pendurou na janela do apartamento e que ele ainda tentou ajudá-la, segurando as mãos dela, mas mesmo assim ela caiu.

Familiares de Sáttia dissseram que acreditam que ela foi jogada do apartamento pelo companheiro, e relataram que a médica vivia em um relacionamento abusivo. Uma vizinha do prédio em que Sáttia morava antes de se mudar com o companheiro também relatou que relação do casal era marcada por brigas, e que chegou a ver a médica pedir socorro.

Imagens da câmera de segurança mostraram a médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo no elevador, um dia antes de cair do quinto andar do prédio, no bairro de Armação, em Salvador. O caso ocorreu na madrugada do dia 20 de julho.

No vídeo, é possível ver que a médica gesticula bastante ao telefone, como se estivesse em discussão, por volta das 16h40 do dia 19 de julho. Logo em seguida, ela sai do elevador. Em um outro vídeo de câmeras de segurança, é possível ver a área externa da rua do condomínio onde o casal morava, e o momento em que o médico chega de carro ao local, por volta das 20h45.

Além disso, a irmã de Sáttia disse, em depoimento à polícia, que a médica desabafou sobre humilhações que o médico Rodolfo Cordeiro Lucas a submetia. Jacqueline Aleixo depôs na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), do bairro de Brotas. A irmã da médica disse que Rodolfo Lucas controlava as roupas de Sáttia e que ela teve que sair da academia de ginástica e desativar redes sociais por causa do ciúme. G1