Após quatro dias de temporal, o domingo foi de chuvas menos intensas e diminuição de alagamentos em algumas cidades da Bahia. De acordo com dados da Defesa do Civil do Estado, o estado registrou sete mortes provocadas pelas chuvas. Além disso, 70 mil pessoas foram atingidas e 3,7 mil estão desabrigadas. No entanto, diversas cidades ainda registram alagamentos e comunidades ribeirinhas apontam para a subida do nível dos rios nas regiões do estado mais atingidas pela chuva, especialmente no extremo sul do estado.

Também neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro e o governador da Bahia Rui Costa sobrevoaram áreas atingidas. Em visitas que aconteceram em pontos diferentes, os gestores analisaram a situação e falaram sobre o que tem sido feito para minimizar os problemas. Depois do voo, Bolsonaro aterrissou em um estádio de futebol, na cidade de Itamaraju. Ele foi recebido por pessoas que se aglomeravam no local – a maioria delas sem máscaras, assim como o presidente.

“Pudemos ver os estragos causados pela chuva. Alguns municípios estão bastante afetados, como Itamaraju, por exemplo. Quando soubemos do ocorrido, além de contatar os prefeitos, providenciamos a liberação do FGTS”, disse. Ao todo, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) liberou R$ 5,8 milhões para os municípios de Eunápolis, Itamaraju, Jucuruçu, Ibicuí, Ruy Barbosa, Maragogipe e Itaberaba. O Governo Federal também autorizou o emprego de tropas do Exército Brasileiro no resgate e realocação de pessoas desabrigadas pelas enchentes e inundações.

Já o governador da Bahia disse que a partir desta segunda-feira (13), o governo inicia o planejamento para recuperação das cidades afetadas. “Vamos iniciar a recuperação e reconstrução de muitas casas que foram perdidas. Vamos iniciar essa reconstrução em um local mais adequado, mais alto, fora do alcance das águas dos rios. Nesta segunda, vamos fazer uma grande reunião com as secretarias e prefeitos para decidir novas ações”, disse Rui Costa.

De acordo com informações da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), 30 cidades estão em situação de emergência. Vilarejos e povoados da região ficaram ilhados por causa da chuva, o que dificulta o acesso dos bombeiros. Neste domingo, cerca de 241 militares do corpo de bombeiros e 2 helicópteros atuaram no resgate de vítimas e no apoio às comunidades afetadas.

Em Amargosa, duas vítimas do soterramento ocorrido na madrugada de sábado foram encontradas mortas. As vítimas foram identificadas como Elita Pereira, de 80 anos, e Eliana Pereira, de 40 anos. As buscas ainda seguem porque um homem identificado como Gildásio Ribeiro, de 89 anos, esposo de Elita e pai de Eliana, também estava no imóvel no momento do soterramento.

Em Medeiros Neto, imagens aéreas registram os estragos causados pela chuva na cidade. De acordo com a prefeitura, a estimativa é de que mais de duas mil pessoas tenham ficado desabrigadas ou desalojadas no município

O município decretou estado de calamidade pública. Ainda segundo a prefeitura, choveu cerca 300 mm no intervalo de três dias, quando a média de chuva esperada na cidade era de 40 mm para o mês de dezembro. Os rios Água Fria e Itanhém transbordaram e a ponte que liga o centro da cidade ao bairro de São Bernardo ficou submersa.

Já em Apuarema, após o rompimento de duas barragens no município de Apuarema, os moradores da cidade começaram a analisar os estragos causados pela força da água. A situação ocorreu na sexta-feira (10), após fortes chuvas. Segundo o prefeito Rogério Costa (PP), 242 pessoas estão desabrigadas na cidade. Neste domingo (12), moradores relataram momentos de tensão após o rompimento das duas barragens na sexta-feira.

“Avisei ao vizinho que tem filho pequeno: ‘sai que a barragem estourou, deixa tudo aí, vamos salvar a vida, que é o mais importante’. (A água) me levou tudo, mas eu estou aí né? Na luta. Minha vida está aqui, meu salário está aqui. Tenho esposa, filho pequeno. Perdi tudo. Vou ver agora o que vão fazer, se é que vão fazer. Vamos torcer para que façam. Vamos pedir a Deus para abençoar e vamos juntos lutar”, contou o comerciante Erisvan Pereira Barbosa.

Uma terceira barragem da cidade foi avaliada por técnicos da Superintendência de Defesa Civil da Bahia (Sudec), do Corpo de Bombeiros e Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). De acordo com informações da prefeitura, a barragem, que fica num local mais alto, não tem risco de se romper. Um dreno foi improvisado no local para a água escoar e evitar o rompimento da estrutura.

Em Itamaraju, cidade visitada pelo presidente Jair Bolsonaro neste domingo, o prefeito Marcelo Angenica contabilizou os estragos causados pelas fortes chuvas na cidade, que fica no sul da Bahia. Segundo ele, cerca de 150 casas foram destruídas. A cidade teve situação de emergência reconhecida pelos governos estadual e federal. Três pessoas morreram em decorrência da chuva, na última quarta-feira (8), quando um barranco deslizou e atingiu seis imóveis na cidade.

As vítimas – duas crianças, de 4 e 9 anos, e o tio delas, um jovem de 26 – estavam em casa quando foram atingidos pela lama e pelos escombros. “A gente está tendo todo o apoio necessário. O prejuízo foi grande e a gente precisa recuperar nossa cidade. A gente calcula um prejuízo de R$ 40 a R$ 50 milhões, perdemos três vidas humanas, que a gente lamenta muito, foram duas crianças e um adulto. Temos entre 100 e 150 casas destruídas, que precisam ser recuperadas, além de estrada”, estimou ele.

A situação de calamidade por causa das chuvas no sul e extremo sul da Bahia começou a cerca de uma semana. O temporal que atinge as regiões é causado pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é uma faixa de nuvens que se estende desde o sul da região amazônica até a região central do Atlântico Sul.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, mais de 1.500 cestas básicas, além de roupas, água e itens de uso pessoal já foram distribuídos pelos grupamentos de bombeiros militares das cidades de Porto Seguro e Eunápolis. Diversos pontos de doação recebem donativos e campanhas estão sendo realizadas por todo estado. G1