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O cineasta José Padilha declarou em texto publicado na Folha de S. Paulo na terça-feira (16) que se equivocou ao apoiar o ex-juiz e hoje ministro da Justiça Sergio Moro. O diretor do filme “Tropa de Elite” também disse que o pacote anticrime de Moro irá “estimular a violência policial, o crescimento das milícias” e a influência política do ministro.

“Pois bem, quero reconhecer o erro que cometi”, escreveu Padilha. “Digo isso porque não há outra explicação: Sergio Moro finge não saber o que é milícia porque perdeu sua independência e hoje trabalha para a família Bolsonaro. Flávio Bolsonaro não foi o senador mais votado em 74 das 76 seções eleitorais de Rio das Pedras por acaso…”.

No texto, apesar de Padilha admitir que o pacote anticrime de Moro é “razoável” no que diz respeito ao combate à corrupção corporativa e política, ele o identifica como “absurdo no que se refere à luta contra as milícias”. O diretor da série “O Mecanismo” ainda disse que o fato de Moro acreditar que as milícias e o varejo do tráfico são semelhantes é algo equivocado e sugere que o ex-juiz federal deveria ter estudado os “autos de resistência no Brasil”.

Padilha ainda descreve um dos resultados que pode ser gerado a partir da aprovação do pacote anticrime. “O hábito que os policiais milicianos têm de plantar armas e drogas nos corpos de suas vítimas para justificar execuções é tão usual que deu origem a um jargão: todo bom miliciano carrega consigo um ‘kit bandido’. Aprovado o pacote de Moro, nem de “kit bandido” os milicianos precisarão mais”.

O perfil do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou as declarações de Padilha e fez um comentário sobre o texto do cineasta. “Imagina quando ele ler a sentença e descobrir que Moro condenou Lula sem prova, por ‘atos indeterminados’, para que não concorresse em 2018 e seu chefe, Bolsonaro, pudesse chegar ao poder?”, tuitou o perfil de Lula.