Ex-ministro e presidenciável nas últimas eleições brasileiras, Ciro Gomes (PDT) passou mais uma vez por Lisboa, Portugal, a convite do Núcleo de Estudantes Luso-brasileiro (NELB) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a fim de proferir uma aula-debate. Pouco antes de sua fala, ele concedeu uma brevíssima entrevista coletiva, no qual o Brasil 247 participou. Na ocasião, ele disse que “Bolsonaro é um imbecil. Um menino de 13 anos a governa o Brasil no olho do furação por meio do Twitter.”

Questionado sobre a proposta do presidente, Jair Bolsonaro, de comemorar o golpe militar de 1964, Ciro respondeu que Bolsonaro só tem mostrado sua vocação nazi-fascista. Pois estaria, em sua avaliação, tentando distrair a população dos reais problemas do Brasil, como ter 13 milhões de desempregados e mais de 30 milhões de trabalhadores vivendo na informalidade. Segundo Ciro Gomes, porém, o presidente age de tal forma a fim de manter sua militância política, principalmente na internet, ativa e unida.

Sobre a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, definiu como “uma vergonha”. O presidente brasileiro se apresentou como um serviçal dos norte-americanos, principalmente na questão da Venezuela, declarou Ciro. Para o ex-ministro, o entreguismo do governo Brasileiro, como ceder a base de Alcântara aos EUA, viola a Constituição. O ex-governador do Ceará completou dizendo que “Bolsonaro também foi passar vergonha no Chile ao elogiar a ditadura de Pinochet”.

Inquirido se a prisão do ex-presidente Michel Temer teria sido uma resposta da Java Jato às recentes decisões do STF, declarou que a Lava Jato “não se tornou um poder paralelo apesar das suas contradições e erros os quais denunciei a época. Mas ela prestou um bom serviço ao Brasil, apesar de sofrermos o trauma da prisão do presidente Lula.” O lado mais positivo da Lava Jato, segundo Ciro Gomes, é o fato de que velhos corruptos da política brasileira estão presos, como Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha e entre outros.

Para ele, podemos dizer, portanto, que há um benefício da operação para o povo brasileiro, por mais traumas e defeitos que existam. Sobre a elite brasileira, especificamente a rentista, Ciro Gomes disse que ela só tem preocupação com o seu bolso, e não com o país. Por isso é urgente, ressaltou Ciro, alterar a economia política dos últimos 26 anos. Para isso, acrescentou, é necessário redesenhar o pacto federativo/institucional brasileiro e a política de tributária. Questionado se será candidato a presidente em 2022, respondeu: “vou pensar cem vezes, mas continuo a estudar e a lutar pelo nosso Brasil”. Brasil247 Foto: José Cruz/Agência Brasil